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Pesquisadores alertam para manipulação da IA nas eleições do Sul Global

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As organizações Global Coalition for Tech Justice, Aláfia Lab, Artigo 19, Conectas Direitos Humanos e Instituto Democracia em Xeque deram a largada na maratona de encontros sobre o ambiente digital que ocorrem essa semana no Brasil. O evento “Quando a integridade da informação encontra a integridade eleitoral: construindo uma agenda de governança de plataformas para o mega-ciclo de 2024” aconteceu neste sábado (27) e reuniu ativistas e pesquisadores de diversos países. 

O side event do Net Mundial +10, que começa hoje na capital paulista, abordou o megaciclo eleitoral de 2024 para compreender o que já aconteceu neste ano e as tendências que estão surgindo nas campanhas ao redor do mundo, assim como seus potenciais efeitos para a democracia. Perdana Karin, representante do Center for Digital Society, apresentou o processo eleitoral na Indonésia e como a inteligência artificial generativa foi usada principalmente para cativar o público jovem. 

“Os candidatos presidenciais esforçaram-se para captar o apoio e a lealdade dos jovens, engajando com eles através das redes sociais e de conteúdos generativos baseados em IA. Os candidatos apelam aos jovens que utilizam tecnologias digitais, pois percebem eles como usuários ativos das redes”, disse Karin. “Algoritmos de mídia social e IA generativa estão potencialmente capacitando e manipulando o envolvimento político dos jovens”, complementou. 

Com eleições previstas para o fim de maio, a África do Sul também enfrenta o desafio da IA generativa, com casos de deepfake circulando nas redes sociais. Kimal Harvey, da Legal Resources Center, ainda elenca que outra grande questão no país é a quantidade significativa de discursos de ódio disseminada das plataformas digitais, inclusive patrocinados. “Apesar de realizarem parcerias, as big techs realmente não se importam com o discurso de ódio na África do Sul”, destaca Harvey. 

A maior eleição do planeta também foi apresentada no evento. A Índia, que iniciou seu processo em abril e segue até maio, tem demandas significativas para as plataformas digitais na busca pela garantia da integridade eleitoral do país. Questões sensíveis como discurso de ódio, islamofobia e desumanização de grupos minoritários circulam livremente como memes e caricaturas. A falta de identificação de anúncios políticos também é uma grande preocupação, alerta Ritumbra Manuvie, da The London Story.

Rodrigo Carreiro, diretor do Aláfia Lab, apresentou o cenário brasileiro e dialogou com os desafios apresentados a outros países. Para ele, a negligência das plataformas digitais é o ponto crucial de convergência. Carreiro elencou como as big techs encaram os mercados do Sul Global, destacando que elas não consideram o contexto local dos países e muitas vezes até replicam as políticas eleitorais. Para ele, as plataformas devem investir em termos de uso baseadas em contextos locais e suas particularidades, devem estabelecer um conjunto de sanções para enfrentar conteúdo danoso e devem se tornar responsáveis pelo seu modelo de negócios.

A gerente global de campanhas da Global Coalition for Tech Justice, Bruna Santos, também falou sobre a crise de equidade nos investimentos das plataformas, em que as big techs concentram seus recursos em contextos em que a regulação é mais forte ou em países que estão situadas, majoritariamente nos Estados Unidos. Santos também reforçou os pedidos centrais para as plataformas, como a distribuição de recursos proporcionais ao risco colocado por elas e o acesso a dados por pesquisadores.

O evento também tratou do tema “Construindo a agenda de integridade da informação enquanto aprendemos com 2024”. Questões como o equilíbrio da liberdade de expressão, a crise de instituições e os perigos à democracia foram elencados por Agneris Sampieri da Access Now, Tatiana Dourado do Instituto Democracia em Xeque, André Boselli da Artigo 19, Dan Arnaudo do National Democratic Institute (NDI) e Samara Castro, da Secom.

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