A cinco dias da cerimônia da posse do novo presidente Lula (PT), o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, reuniu-se nesta terça (27) com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o próximo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para discutir as medidas de segurança que devem ser tomadas para a realização do evento.
Após o encontro, que ocorreu há três dias da prisão de um homem que planejava um atentado perto do aeroporto de Brasília visando instabilidade institucional, Dino afirmou que a solenidade irá ocorrer em paz e o roteiro do trajeto a ser feito não será alterado.
“Todas as pessoas que virão à posse participarão do evento em paz e retornarão aos seus lares em paz. Não serão pequenos grupos terroristas, extremistas, que irão emparedar a democracia, não há espaço para isso no Brasil”, disse o futuro ministro.
Dino afirmou que pedirá ainda hoje ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspenda o porte de armas no Distrito Federal entre a quarta-feira (28) e a próxima semana. A medida, segundo ele, servirá para tornar o evento mais seguro.
Já o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou que o general Dutra, Comandante Militar do Planalto, se comprometeu a agilizar a desmobilização do acampamento instalado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília até o dia da posse. Compromisso parecido também foi reforçado pelo secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, delegado Júlio Danilo.
O acampamento foi montado pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) após o segundo turno das eleições e faz parte das manifestações antidemocráticas orientadas por teorias da conspiração. Foi ali, segundo a Polícia Civil, que foram orquestrados o atentado frustrado ao aeroporto de Brasília e atos de vandalismo que aconteceram no dia 12 de dezembro, após a diplomação de Lula.
A notícia do plano de “provocar o caos” e causar instabilidade institucional no dia da posse, inclusive, repercutiu entre os usuários das redes sociais. No Twitter, entre sábado (25) e segunda-feira (26), o acontecimento foi citado por 17 mil usuários em 32,3 mil postagens, segundo o levantamento realizado pela Vox Radar. Desse montante, seis mil publicações relacionaram a notícia com o termo “Bolsonarista” e quatro mil com a palavra “Bolsonaro”.
No WhatsApp, bolsonaristas continuam chamando para intervenções
Como apontado por Lauro Jardim em sua coluna do jornal O Globo, frente à tentativa frustrada de atentado político do último final de semana, grupos de extrema-direita no WhatsApp seguem sustentando mobilizações antidemocráticas.
Mensagens como “Vamos para os quartéis” e “É a última semana, gente. É tudo ou nada” foram identificadas pelo jornalista, que também indicou que há uma convocação para uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, ou nos quartéis-generais de cada cidade na tarde da quarta-feira.