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@thiagoilustrado

Veja como o jornalismo mundial está usando as IAs generativas

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Um dos principais setores que as Inteligências Artificiais generativas prometem revolucionar, para o bem ou para o mal, é o jornalismo. E de acordo com um estudo divulgado esta semana pela Associated Press (AP), o uso dessas tecnologias já começam a ser implantadas em redações pelo mundo. De 291 profissionais da indústria da mídia ouvidos pela pesquisa, 81,4% dos participantes afirmaram conhecer as IAs generativas e 73,8% disseram que os veículos em que trabalham já usaram a tecnologia de alguma forma.

A principal aplicação das IAs generativas no cotidiano jornalístico é na produção de conteúdo multimídia. De acordo com o estudo, 69% dos participantes afirmaram utilizar as tecnologias para produzir conteúdos textuais, 20,4% para produção de conteúdos multimídia, 8,8% para tradução e 7,2% para transcrição. 

Em relação ao texto, os entrevistados afirmaram usar as tecnologias para gerar manchetes de notícias, postagens em redes sociais, boletins informativos, questionários e rascunhos de histórias. As IAs também estão sendo empregadas para edição de texto, resumo de artigos e reescrita para adaptação em mídias diferentes.

Já em relação a produção multimídia, as respostas também apontaram para a criação de ilustrações para postagens de redes sociais, a transcrição em texto de materiais em vídeo ou áudio e a edição de imagens. Alguns entrevistados mencionaram o uso de IA generativa para apoiar a experiência do usuário na criação de chatbots voltados para o consumidor e para assistência na criação de metadados, como a criação de texto alternativo para imagens ou metadados para arquivos de áudio.

Depois da produção de conteúdo, a aplicação mais comum das IAs generativas é a coleta de informação e a criação de sentido (21,5%). Aqui, os profissionais afirmaram utilizar as tecnologias para a descoberta de notícias, pesquisa, curadoria e organização de ideias. Também foram identificadas algumas tarefas mais técnicas apoiadas pela IA generativa, como codificação (5,0%), abrangendo respostas que usam IA generativa para tarefas de desenvolvimento de software, e trabalho com dados (7,7%), incluindo tarefas que envolvam manipulação e análise de dados ou sua extração de documentos como “manipulação de planilhas” ou “pequenas tarefas de limpeza de dados”.

A pesquisa contou com ampla participação de profissionais do Norte Global (61% residentes na América do Norte e 24,8% da Europa), ouvindo também pessoas da Ásia (7,9%), África (2,8%), Oceania (1,7%) e América do Sul (1%). A maioria dos participantes trabalham na posição de editor (24,5%), seguidos por executivos (20%), repórteres (18,3%), tecnólogos (9,3%) e cargos mais gerais como gestor de produtos (17,9%).

IAs generativas criam novos novos cargos em redações

Os entrevistados da pesquisa também afirmaram que estão percebendo o surgimento de novas colocações nas redações depois da popularização das IAs generativas. Algumas das novas funções de liderança estabelecidas são diretor de inovação, especialista e chefe de IA. Nas editorias, também foram identificados cargos como designer de prompt, editor de vídeos de IA e verificador de fatos

Na área de produtos, profissionais estão sendo contratados para lidar diretamente com desenvolvimento de projetos vinculados à IA. Posições mais técnicas, como engenheiro de software e engenheiro de automação também foram destacadas.

Além disso, quase metade dos entrevistados (49%) indicou que as tarefas ou fluxos de trabalho já mudaram devido à IA generativa. “Já está claro que a IA generativa está mudando a estrutura e a organização do trabalho, pressionando as pessoas para que elas aprendam novas competências para se manterem atualizados, ao mesmo tempo que cria novas funções e oportunidades dentro das organizações”, trouxe o estudo.

Profissionais estão cientes das implicações éticas

Apesar de identificarem oportunidades de aplicação das IAs no cotidiano da produção midiática, os profissionais destacaram os receios éticos trazidos por essas novas tecnologias. De acordo com os resultados, as principais preocupações foram a falta de supervisão humana (21,8%), a imprecisão nos resultados (16,4%) e os vieses discriminatórios (9,5%). 

Sobre o primeiro ponto, os profissionais afirmaram que sentem a necessidade de uma revisão humana, feita por um editor, por exemplo, para verificar os resultados obtidos pela tecnologia. Receios de queda da qualidade das notícias (7,7%), perda de trabalhos (6,8%) e falta de transparência (6,8%) sobre os usos de funcionalidades de IA também foram destacadas pelos participantes.A pesquisa da AP reforça os resultados de outras duas pesquisas, divulgadas ano passado, a do Observatório de Comunicação de Lisboa  e a da Polis, que também apontaram como as IAs já são realidade nas redações mundo afora, apesar dos receios éticos e impactos negativos das funcionalidades no dia a dia do cotidiano jornalístico.

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