Os ataques terroristas que tomaram Brasília no domingo (8) e destruíram patrimônios públicos no Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Superior Tribunal Federal (STF) estamparam os principais jornais e portais de notícias do mundo. Políticos e presidentes de diversas nações também se posicionaram nas redes sociais em repúdio ao episódio.
Nos Estados Unidos, a imprensa comparou o ato terrorista brasileiro com a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O The New York Times, por exemplo, destacou as alegações de fraude eleitoral sem evidências levantadas pelos manifestantes, afirmando que a ocorrência de domingo foi “o culminar violento de anos de teorias da conspiração desenvolvidas por Bolsonaro e seus aliados de direta”.
Já o The Washington Post ressaltou que a invasão foi liderada por apoiadores radicais de extrema-direita e que tal episódio foi “a maior ameaça à democracia” no país desde o golpe militar de 1964.
“Isso sugere uma praga disseminada de disruptores de extrema-direita nas democracias ocidentais, à medida que os linha-dura radicalizados pela retórica política incendiária se recusam a aceitar derrotas eleitorais, se apegam a alegações infundadas de fraude e minam o estado de direito”, trouxe o jornal na capa.
O argentino Clarín estampou a manchete “Comoção no Brasil pelo ataque ao Congresso por ativistas de Bolsonaro”, lembrando da demora da polícia em agir contra os radicais que reivindicam um golpe visando o presidente democraticamente eleito. O mexicano El Universal, considerado um jornal conservador, noticiou o acontecimento falando em “Poderes do Brasil sob ataque”.
No Reino Unido, imagens dos golpistas adentrando o Congresso Nacional também saíram nas capas do The Times e do The Guardian. No site, o The Guardian evidenciou a decisão de intervenção federal na segurança decretada pelo novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Repercussão no Twitter
Ainda na noite do domingo (8), o termo “Brazil” já estava nos principais tópicos comentados no Twitter em diversos países. Nos Estados Unidos, até às 22h, a palavra somava mais de 436 mil tweets. Por lá, figuras políticas se posicionaram publicamente sobre o caso.
A senadora democrata Alexandria Ocasio-Cortez, em seu perfil oficial, sugeriu a extradição do ex-presidente Bolsonaro dos Estados Unidos, onde está desde o dia 28 de dezembro. “Os EUA devem parar de conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”, escreveu a política, relacionando o episódio terrorista brasileiro com o de 6 de janeiro de 2021.
O progressista Bernie Sanders, que concorreu às eleições de 2020 como candidato à presidência, lembrou da resolução expedida pelo Senado norte-americano repudiando tentativas de golpe no pleito nacional do ano passado.
“Os ataques de hoje são exatamente o motivo pelo qual eu pressionei para que o Senado aprovasse uma resolução apoiando eleições livres e justas no Brasil. A questão é se o Brasil é uma democracia ou não. Apoiamos o governo democraticamente eleito do país e condenamos esta violência autoritária”, posicionou-se Sanders.
O presidente Joe Biden condenou o que chamou de “atentado à democracia e à transferência de poder no Brasil”. Ele também demonstrou apoio às instituições democráticas brasileiras e reforçou que irá trabalhar com o presidente Lula.
Outros chefes de Estado e de governo manifestaram apoio a Lula, como o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e os presidentes do México, Andrés Obrador, Colômbia, Gustavo Petro, e da Argentina, Alberto Fernández.
Quem também se posicionou sobre o acontecimento foi o mais novo dono do próprio Twitter, Elon Musk. Ainda no domingo, o bilionário tuitou “Eu espero que o povo brasileiro esteja apto a resolver os problemas de forma pacífica”. Em dezembro, porém, Musk questionou sem provas a integridade do processo eleitoral de 2022.
A advogada e ativista dos direitos humanos nos EUA, Alejandra Caraballo lembrou das recentes falas do empresário: “E, mais uma vez, o Twitter permitiu que as teorias da conspiração eleitoral corressem soltas depois que Musk desmantelou todas as suas equipes de confiança e segurança. Agora a capital do Brasil está enfrentando uma insurreição. Mas, ao contrário de antes, Musk promoveu e impulsionou ativamente essas conspirações”.