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Foco é conter desinformação sobre segurança das urnas, apontam especialistas 

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“Falsas, mentirosas, sem nenhum amparo na realidade”, foi como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) classificou as conclusões sobre uma suposta auditoria realizada pelo PL, Partido Liberal, sobre a segurança das urnas e o processo de apuração. Divulgado no dia 28,  o documento encomendado pelo partido de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, requenta as falsas acusações sobre o pleito nessa reta final da campanha eleitoral de primeiro turno.

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, determinou que o documento fosse remetido ao Inquérito Nº 4.781/DF, conhecido como Inquérito das Fake News, que reúne “informações fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral”.

Para Ana Regina Rego, professora da UFPI e coordenadora da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD Brasil), ao longo de toda a campanha houve aumento de desinformação sobre fraude eleitoral e a fragilidade do sistema. “Desde narrativas e áudios que falam de funcionários que viajaram para ter treinamento para fraudar as eleições, fraudar as urnas, até áudios que se situam no interior do Rio de Janeiro, interior do Paraná, do Ceará, dizendo que receberam urnas já com votos para candidatos do PT”, exemplifica. 

A pesquisadora denuncia que “parecem ações deflagradas de modo estratégico por todo o país e que culminam com o lançamento do documento do PL como um preparativo de alerta de que as urnas seriam passíveis de serem adulteradas”.

O relatório da pesquisadora Andressa Costa, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ULisboa) e Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP/ISCSP),  monitorou grupos do Telegram entre os dias 19 e 25 de setembro. Costa detectou que o tema das fraudes eleitorais estava entre as mensagens mais compartilhadas.  Além disso, houve um aumento de 74%, em relação à semana anterior, no conteúdo sobre pesquisas eleitorais e 72% nas mensagens sobre procedimentos de votação e apuração. 

O questionamento do processo eleitoral brasileiro vem acontecendo desde antes da campanha. O próprio presidente da República foi acusado de propagar desinformação em evento oficial com embaixadores estrangeiros no dia 18 de julho. O TSE ordenou a retirada dos vídeos desta reunião das plataformas digitais. 

“Nós sabíamos que ia acontecer, mas o volume é enorme”, avalia Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, em relação à circulação de desinformação sobre a segurança das urnas e ataques aos ministros do TSE. “Essa eleição tem um diferencial de trazer ataques às urnas e ao próprio processo eleitoral. Nosso trabalho é contribuir com bons conteúdos no formato que a plataforma pede, combatendo a desinformação com mais informação qualificada”, destaca Raphael Kapa, coordenador de Educação da Lupa.

Acompanhamento em tempo real da votação

A Agência Lupa anunciou que sábado (1°/10) e no domingo (2/10) sua equipe de jornalismo estará de plantão, verificando em tempo real mensagens compartilhadas nas redes sociais, além de transmissões ao vivo no TikTok e no Twitter  A cobertura será feita em parceria com outras plataformas de fact-checking, a partir da coalizão de combate à desinformação formada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e conta com o apoio do Google e da Associação de Jornalismo Digital (Ajor)

Na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, haverá a “Vigília Cívica” para coordenar esforços em favor da integridade do processo eleitoral em todo o país. A ação contará com a participação da Comissão Arns, Comitê de Defesa da Democracia, Pacto pela Democracia, Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, Conectas Direitos Humanos, Democracia em Xeque, Direitos Já!, Instituto Ethos, Fundação Tide Setubal, Transparência Internacional, Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), Fórum Brasileiro de Segurança Pública e dos comitês de professores pela democracia das faculdades de direito da USP e FGV/SP, entre outras organizações dedicadas à construção democrática no país. 

Para João Brant, coordenador-geral do *desinformante e convidado a participar da vigília, os ataques ao processo eleitoral brasileiro têm chance de se intensificarem nos próximos dias, incluindo o dia da votação, domingo. “Se houver intenção de questionar a votação ou a apuração, isso precisará partir de factoides que sustentem esse questionamento. Construir narrativas distorcidas ou mentirosas é pré-condição para que se possa inocular desconfiança sobre o processo”.

A equipe do *desinformante também estará de plantão entre hoje (sexta-feira, dia 30) e a próxima segunda-feira, dia 4. 

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