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Ajuda das redes sociais na distribuição das fake news impacta mais as eleições que uso de IA

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O mais recente relatório publicado pelo Centro de Negócios e Direitos Humanos da Universidade de Nova York apontou que a principal ameaça às eleições internacionais de 2024 não são as Inteligências Artificiais generativas, mas a já conhecida distribuição de conteúdos falsos, odiosos e violentos pelas plataformas de redes sociais.

Embora reconheça os riscos trazidos pelas deepfakes e de outros conteúdos sintéticos nos contextos eleitorais, o centro de pesquisa afirmou que o problema principal continua na forma como as plataformas auxiliam na distribuição de conteúdo desinformativo já que, nos últimos anos, elas interromperam políticas de integridade eleitoral e demitiram equipes de segurança.

“Apesar das perturbações e da violência que agitaram as eleições presidenciais dos EUA em 2020 e as eleições do Brasil em 2022, as principais empresas de plataforma recuaram em alguns dos seus compromissos anteriores de promover a integridade eleitoral”, afirmou o relatório.

O X (antigo Twitter) ganhou destaque no relatório porque, após a aquisição pelo bilionário Elon Musk, foi a empresa que mais demitiu funcionários da equipe interna de segurança – responsável pela promoção da integridade eleitoral internacional. “O resultado prático foi o ressurgimento do racismo, do anti-semitismo e de outras formas de ódio. Sem ir tão longe quanto Musk, outras empresas usaram a deterioração do X para diminuir a vigilância”, avaliou o documento.

A incapacidade das plataformas de conterem desinformação e discurso de ódio já é sentida nas primeiras eleições do megaciclo eleitoral deste ano. Na primeira metade de janeiro, a Coalizão Global de Justiça Tecnológica (Global Coalition for Tech Justice, em inglês) afirmou que Google, Meta e TikTok não conseguiram impedir a distribuição em massa de conteúdos desinformativos durante as eleições presidenciais de Taiwan

A Índia, a um pouco mais de dois meses das suas eleições gerais, também passa por um problema parecido. No país, campanhas desinformativas governamentais utilizam aplicativos como WhatsApp para inundar o eleitorado com notícias falsas e discursos violentos contra populações politicamente minoritárias. Uma carta pedindo neutralidade na moderação chegou a ser enviada aos executivos norte-americanos pelo bloco opositor ao governo do primeiro-ministro Narendra Modi, mas não houve resposta.

Recomendações para as plataformas

O estudo do centro de pesquisa nova-iorquino trouxe cinco recomendações para que as plataformas reforcem seus compromissos de integridade da informação durante as eleições de 2024, como o investimento em moderação de conteúdo humano e o desenvolvimento de planos em momentos de crises para conter episódios golpistas como o de 8 de janeiro

“Os planos de contingência devem incluir a capacidade de adicionar pessoal – altos executivos, especialistas em políticas e moderadores – e ajustar os algoritmos de recomendação para que dêem prioridade às notícias recolhidas de forma confiável em vez das teorias da conspiração”, sugeriu o relatório.

Além disso, o centro alertou sobre a possível escalada do discurso de fraude nas eleições norte-americanas à medida que a campanha do republicano Donald Trump toma fôlego. Para os pesquisadores, as plataformas devem rotular as alegações como infundadas ou removê-las completamente e direcionar os usuários para informações oficiais e apartidárias sobre o histórico eleitoral do país.

“A Meta deveria reverter a sua decisão imprudente de permitir anúncios políticos que questionem a legitimidade das eleições de 2020, e o YouTube precisa desfazer a sua política de permitir vídeos que propagam alegações de fraudes eleitorais passadas”, acrescentou o documento.

As sugestões também se relacionam com as recomendações feitas recentemente pelo Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA Internacional).

Nesta semana, a Meta divulgou que vai restringir o acesso a conteúdos políticos nas suas plataformas. O Instagram e o Threads serão as primeiras redes em que os usuários poderão optar por receber ou não postagens com teor político nas seções Explorar, Reels, Recomendações no Feed e Usuários Sugeridos.

Confira as recomendações do relatório às empresas de tecnologia:

  1. Adicionar mais humanos à moderação de conteúdo;
  2. Financiar mais checadores de informações independentes;
  3. Mitigar deslegitimação eleitoral e desenvolver plano de crise;
  4. Proporcionar ajustes no design de plataformas e nas políticas para períodos eleitorais;
  5. Mitigar riscos vindos das IAs generativas.

O relatório “Riscos digitais às eleições em 2024: protegendo a democracia na era da desinformação” pode ser lido em inglês neste link.

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