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Hani Hakkan para Pexels

Eu soube pelo zap que…

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Quem nunca ouviu ou mesmo usou alguma mensagem do WhatsApp como fonte para uma informação? Mesmo sendo um aplicativo de troca de mensagens interpessoais, que praticamente acabou com o antigo SMS e reduziu drasticamente o uso do telefone para realização de ligações cobradas por minuto, o WhatsApp tornou-se importante instrumento de circulação de informação  – e de desinformação também. Segundo o Digital News Report 2022, 64% dos brasileiros se informam por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens. Para 41%, o WhatsApp é uma importante forma de compartilhar e discutir notícias.  “Hoje, todos nós somos produtores de conteúdo (e não apenas consumidores). Isso faz com que um volume gigantesco de informações seja produzido e compartilhado a cada minuto, sem necessariamente ser de qualidade ou confiável”, lembra Daniela Machado, coordenadora do EducaMídia – programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta: “o WhatsApp é um dos meios pelos quais esses conteúdos chegam a um número grande de pessoas e em alta velocidade”. Mas quais cuidados devemos ter para não sermos alvos de desinformação e também para não colaborar com a disseminação de notícias falsas? Além de Daniela Machado, o *desinformante ouviu também Bruno Ferreira, especialista em educação midiática, para trazer algumas dicas.  

Sempre desconfie

“Precisamos ter uma postura mais crítica diante das informações que recebemos, interrogando e não simplesmente consumindo e aceitando tudo o que chega até nós”, orienta Daniela Machado, complementada por Bruno Ferreira: “é sempre bom a gente exercitar o ceticismo saudável”. Entre as perguntas que devemos fazer, exemplifica Daniela, estão: qual é a origem (ou fonte) dessa informação? A pessoa que está trazendo a informação tem autoridade para falar sobre o assunto? O que outros veículos de comunicação estão falando sobre o mesmo assunto?  

Leitura “lateral” da informação

Bruno Ferreira aconselha visitar outros sites, visitar outras fontes para ter certeza se aquela informação é confiável, para entender “se aquilo que está sendo dito, naquele contexto, se confirma em outras fontes de informação”. Muitas vezes, afirma Daniela Machado, “fazer uma pesquisa simples no buscador, colocando uma ou duas palavras-chave e mais a palavra ‘boato’ ou ‘fake’, já é suficiente para encontrar informações que nos ajudam a avaliar a confiabilidade do conteúdo. Em muitos casos, as agências profissionais de checagem já fizeram esse trabalho”.  

Mensagem encaminhada com frequência…

O WhatsApp já sinaliza quando uma mensagem é amplamente compartilhada, trazendo uma etiqueta com os dizeres “mensagem encaminhada com frequência”. É um alerta importante que serve para levantar a orelha, já que é uma característica da desinformação o apelo para ser amplamente compartilhada. “Mensagens que trazem orientações como ‘compartilhe com o maior número de pessoas’, ou ‘você não pode acreditar!’ e outras frases sensacionalistas também são indicativos de que você pode estar diante de uma desinformação”, alerta Daniela Machado.   

Mas eu recebi de um amigo…

O WhatsApp é, em essência, um aplicativo de troca de mensagem interpessoal. Mas não é porque você conhece e confia no remetente que a informação repassada por ele é necessariamente confiável. A engenheira de dados Frances Haugen já alertou para o efeito que múltiplos compartilhamentos fazem de perder a fonte original da informação. Perguntar amistosamente a quem repassou pelo zap uma informação qual a sua origem é importante, ou mesmo de quem ela a recebeu.   

Na dúvida, não compartilhe.

Por se tratar de um aplicativo de mensagem interpessoal, existe uma credibilidade compartilhada entre remetente e destinatário. Uma mensagem repassada a você por algum conhecido ou alguém que respeita é recebida de forma diferente do que aquela de quem você não conhece. Ao compartilhar uma informação, portanto, é fundamental ter em conta que de alguma forma você endossa aquela mensagem, empresta a ela a sua própria credibilidade pessoal. Exercitar o ceticismo saudável, buscar checar a veracidade daquela informação é importante. “Por isso, a educação midiática torna-se ainda mais importante”, ressalta Daniela Machado, “para que todos nós possamos desenvolver as habilidades necessárias para consumir informação de forma mais reflexiva e produzir conteúdo com responsabilidade”. E se ainda assim ficou na dúvida, não compartilhe.   

E o que WhatsApp está fazendo?

O WhatsApp informou que implementou melhorias para buscar assegurar a integridade das eleições no Brasil. Em cooperação com o TSE, o aplicativo trouxe inovações como a possibilidade dos usuários se cadastrarem para receber, de maneira automática, informações relevantes sobre o processo eleitoral e checagens de notícias falsas. Por ser um aplicativo que trabalha com criptografia, já que deve respeitar o sigilo de correspondência dos cidadãos, não é possível realizar nenhum tipo de moderação de conteúdo de mensagem. Bruno Ferreira, entretanto, elenca algumas coisas que já estão sendo feitas como “a proibição do disparo de mensagens em massa, que a gente sabe que foi bastante prejudicial no contexto de 2018, principalmente”.  No dia primeiro de agosto, a empresa anunciou a campanha “Vamos juntos combater as informações falsas”, as peças terão como foco as parcerias estabelecidas pelo WhatsApp com organizações de checagem de fatos e o assistente virtual criado em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral – TSE , que permite interações para facilitar o acesso a informações e serviços da Justiça Eleitoral. A campanha será exibida no Facebook, Instagram, YouTube além de contar com veiculações nos principais jornais e revistas impressos, portais de notícias, rádios e mídia externa – como outdoors e pontos de ônibus – durante o processo eleitoral.
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