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Discursos de ódio explodem no Twitter após compra por Elon Musk

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“O pássaro é libertado” foi a mensagem que Elon Musk publicou no perfil pessoal em meio às primeiras notícias da sua compra do Twitter, na noite de quinta-feira (27). Momentos depois, porém, o que se viu foi um crescimento de mensagens com discurso de ódio na plataforma, além da volta de perfil britânico de extrema-direita com ligações neonazistas banido em 2017. O chefe de segurança e integridade da empresa afirmou que a plataforma foi alvo de “trolagem”. 

De acordo com mapeamento realizado pelo Network Contagion Research Institute, da Universidade de Princeton, nas doze primeiras horas da sexta-feira (28) foi registrado um aumento de mais de 500% de mensagens racistas na rede social.

Houve evidências, segundo o centro de pesquisa, que atores maliciosos tentaram testar os limites do Twitter com insultos e conteúdos depreciativos, incentivados por postagens no 4chan, fórum conhecido por ser o ambiente digital de origem do movimento conspiracional QAnon.

Pesquisadores da Montclair State University, nos Estados Unidos, também identificaram que o crescimento de discursos de ódio foi imediato após a notícia da compra se espalhar. De acordo com o estudo (disponível em inglês aqui), somente na sexta-feira (28), a rede social recebeu ao menos 4.778 discursos odiosos por hora, antes disso o número não passava da média de 84 ocorrências.

Além de questões sobre raça, foram levantados termos hostis e violentos focados em religião, etnia e orientação sexual. O estudo alega que isso é resultado provavelmente de uma “celebração” de determinadas pessoas em detrimento das promessas de relaxamento na moderação do conteúdo realizadas por Musk.

“É possível que os usuários tenham assumido que o uso de linguagem que poderia causar uma proibição ou suspensão na plataforma no passado não era mais uma preocupação. Adicionalmente, a antecipação de uma plataforma não moderada foi potencialmente uma fonte de entusiasmo para certos usuários”, comenta o relatório.

As políticas de moderação de conteúdo continuam sendo seguidas pela plataforma. Contas e conteúdos de ódio com menções nazistas e racistas levantados por Christopher Bouzy, criador da ferramenta Bot Sentinel, por exemplo, já foram removidos da plataforma. Mesmo assim, hashtags como #FreeSpeechTest (teste de liberdade de expressão, em português) ainda espalham mensagens violentas contra a comunidade negra e LGBTQIA +.

Além dos discursos de ódio, nas primeiras horas do Twitter sob o comando de Musk, o grupo de extrema-direita britânico Britain First, banido em 2017 por violar as diretrizes da plataforma após publicar vídeos contra mulçumanos, voltou à rede social com um novo perfil. 

Como aponta o The Guardian, nas primeiras 24 horas do novo perfil, a conta já tinha publicado vídeos sobre imigrantes. Na terça-feira (01), o perfil do grupo havia sido bloqueado pelo Twitter.

Twitter alega ataque de trolls

No sábado (29), o chefe de segurança e integridade do Twitter, Yoel Routh, afirmou que a empresa foi alvo de um ataque coordenado de trolls na tentativa de fazer as pessoas pensarem que o Twitter abandonou ou enfraqueceu suas políticas depois da aquisição pelo empresário.

Segundo Routh, cerca de 50 mil tweets usando insultos específicos foram publicados entre sexta e sábado por 300 contas. “Quase todas essas contas são inautênticas. Tomamos medidas para banir os usuários envolvidos nesta campanha de trollagem – e continuaremos trabalhando para resolver isso nos próximos dias para tornar o Twitter seguro e acolhedor para todos”, disse em tweet.

Musk compartilha link com teoria da conspiração

No final de semana, o próprio Elon Musk foi protagonista de desinformação ao responder um tweet da ex-secretária de estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, com um link para um site de conteúdos falsos.

Na ocasião, Hillary comentou o ataque a Paul Pelosi, marido da presidente da Câmara norte-americana Nancy Pelosi, afirmando que o Partido Republicado espalha regularmente discurso de ódio e teorias da conspiração. Musk, então, respondeu dizendo que “há uma pequena possibilidade de haver mais nessa história” e fazendo referência a um portal com informações já desmentidas pelo próprio FBI.

Mesmo apagando o tweet em seguida, a ação de Musk foi criticada por especialistas, como a vice-presidente da Liga Anti-Difamação dos Estados Unidos, Yael Eisenstat.

“Quando o homem/proprietário mais rico do mundo deste mesmo site trafega em teorias da conspiração dias depois de afirmar aos anunciantes que será um líder responsável, tudo o que posso dizer é: não estou exagerando ao expressar minhas preocupações. As ações sempre falam mais alto que as palavras”, pronunciou Eisenstat.

Na sexta-feira, Musk anunciou a criação de um “conselho de moderação de conteúdo” prometendo pontos de vista diversos. Segundo ele, nenhuma decisão importante de conteúdo acontecerá antes de passar pelo comitê. Porém, não houve mais informações sobre como e quando será iniciado.

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