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Ataques foram convocados, “com tudo grátis”, pelas redes sociais

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O dia 8 de janeiro de 2023 vai ficar marcado na história do Brasil tal qual o dia 6 de janeiro nos Estados Unidos pelo mesmo motivo: invasão do prédio do poder legislativo. No caso brasileiro, os ataques e invasões se estenderam para as sedes dos poderes Judiciário e Executivo com ampla convocação via redes sociais, especialmente serviços de mensageria, como o Telegram.

Um grupo de pesquisadores fez um levantamento sobre a movimentação nos grupos e canais bolsonaristas e golpistas que culminaram nas cenas de terrorismo. A organização dos atos foi realizada durante toda a semana, com caravanas chegando à Brasília. Essas viagens foram amplamente divulgadas com ‘tudo pago’ nas redes para atrair mais manifestantes.

Exemplo de mensagens que circularam no Telegram

De acordo com os pesquisadores, desde a manhã de hoje já estava previsto que os vândalos pretendiam seguir em direção ao prédio do Congresso, até mesmo com horário marcado, às 13h. A convocatória também buscava o apoio de diversos setores, inclusive das Forças Armadas:

Exemplo de mensagens que circularam no Telegram

Em alguns canais, o ato foi tratado como uma “guerra civil” e foram observadas instruções para que as pessoas acampassem dentro dos prédios ocupados das instituições e aguardassem intervenção das Forças Armadas. Como justificativa foi observado o uso do Art. 1º da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo”.

Com a ampla divulgação e repúdio, os grupos começaram a espalhar, a partir das 16h, instruções para que nada fosse quebrado, pois isso seria uma atitude de vândalos infiltrados, visão que vem sendo reforçada pelos manifestantes.

O grupo de pesquisadores também indicou que a narrativa foi impulsionada por influenciadores bolsonaristas nas redes sociais e políticos bolsonaristas, como o deputado Bibo Nunes. 

Uma apuração do site A Pública indica que a movimentação vem sendo planejada há dias sob uso de códigos nas redes sociais. A “festa da Selma” era a cifra utilizada para essa organização, uma expressão usada por militares brasileiros. A partir do dia 5 foi possível observar um aumento exponencial do termo no Twitter. O uso de códigos é comum para evitar sanções nas redes sociais.

Identificação dos manifestantes golpistas

Além da convocatória, os golpistas utilizaram as redes sociais para divulgarem suas próprias ações durante o dia de hoje. Tais publicações estão sendo utilizadas para a identificação e responsabilização desses atores. Usuários, plataformas de checagem e instituições estão coletando esses materiais para, além da identificação, a retirada dos conteúdos antidemocráticos, como solicitou a Advocacia-Geral da União.

A Agência Lupa, por exemplo, pediu a colaboração de seus seguidores para montar uma base de dados para a compreensão de como foram organizados os atos de vandalismo. Já o influenciador Felipe Neto convocou seus seguidores para que compartilhem prints que mostrem o rosto de envolvidos na invasão do Congresso Nacional.

Usuários também pedem que o material seja enviado para o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais, via e-mail: [email protected]. Por fim, o Ministério da Justiça também possui um site para protocolar manifestações.

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