Enquanto as instituições democráticas se preparavam para a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin, um grupo de manifestantes que não aceitaram a derrota nas urnas marchava para o palácio da Alvorada. Com pedidos de intervenção, novas eleições e outras reivindicações de cunho golpista, o grupo gritou palavras de ordem na frente da residência oficial da presidência o Brasil. A reunião foi encorajada, principalmente, após aparição do atual presidente Jair Bolsonaro para cumprimentar seus apoiadores no domingo (11), e a convocação para o ato viralizou no Youtube e Facebook durante o final de semana.

De acordo com o levantamento realizado por pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio, esse encontro foi a grande pauta da extrema direita no fim de semana. “O episódio mobilizou as redes sociais do segmento, sendo pauta em cinco dos dez vídeos mais assistidos no YouTube neste último fim de semana, com alcance total de 2,5 milhões de visualizações; e em cinco das dez postagens de maior interação no Facebook, totalizando mais de 924 mil interações durante o mesmo período”, resumiu o relatório.

A Jovem Pan, mídia alinhada ao espectro bolsonarista, noticiou a aparição do domingo destacando que Bolsonaro passou cerca de 20 minutos em silêncio olhando para o grupo de manifestantes que faziam determinados pedidos, como: “Chame as Forças Armadas, presidente”. Durante a noite de domingo, lanches foram distribuídos para os manifestantes que permaneceram no local.

O silêncio não foi o mesmo da sexta-feira (9), em que o presidente fez um discurso a apoiadores com um tom de certa forma ameaçador à ordem democrática. “Tenho certeza que entre as minhas funções garantidas na Constituição uma delas é ser o chefe das Forças Armadas. As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo. Sempre disse que, ao longo desses quatro anos, elas são o último obstáculo para o socialismo. As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas e devem, assim como eu, lealdade ao nosso povo, respeitam a Constituição e são um dos grandes responsáveis pela nossa liberdade”, disse Bolsonaro no momento em que manifestantes pedem intervenção militar.

Tais aparições foram utilizadas como mais um motivo para chamar manifestantes para o Alvorada. Em canais no Telegram aos quais o *desinformante teve acesso, apoiadores de Bolsonaro compartilharam vídeos e imagens no palácio da Alvorada e convocaram a ida para à porta como um movimento estratégico e como foram de dar “um recado de que o povo está com Bolsonaro e não vai dar holofotes para a diplomação”.

Na concentração dos apoiadores de Bolsonaro há relatos de manifestações hostis contra jornalistas que realizam a cobertura do movimento.