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Proibidos, 204 anúncios políticos circularam no Google no dia do primeiro turno

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Campanha com os números de candidatos, ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e incentivo a contagem paralela dos votos. Esses foram alguns dos temas que circularam livremente como anúncios pagos nas plataformas da Meta e do Google no dia 2 de outubro, mesmo a justiça eleitoral já proibindo tais ações. É o que mostra o levantamento realizado pelos pesquisadores do NetLab, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado no relatório “Irregularidades da propaganda política online”.

No dia do primeiro turno, segundo o estudo, foram identificados 204 anúncios com teor político no Google Ads impulsionados por 97 páginas anunciantes. Candidatos a deputado federal foram quem mais promoveram campanhas do tipo (48,5%), seguidos por candidatos a deputado estadual (30,9%), governador (10,3%) e senador (5,2%). Também foram identificados impulsionamentos de perfis gerais de extrema direita, como Brasil Paralelo (5,2%).

O candidato eleito a governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), teve grande volume de anúncios ativos no dia de votação. Uma campanha audiovisual veiculada entre os dias 24 de setembro a 2 de outubro, com um investimento de R$ 2 a 2,5 mil, conseguiu acumular um alcance total de 125 a 150 mil pessoas, por exemplo.

Já sobre as plataformas da Meta, o relatório não trouxe o volume total de anúncios, mas pontuou os principais assuntos que foram veiculados nas campanhas investidas por lá, como propaganda dos números de candidatos e ataques à integridade eleitoral.

Em um anúncio divulgado entre os dias 9 de setembro a 19 de outubro, o candidato a deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Sargento Marconi (PP), alegou que os militares estavam a postos para interferir nas eleições. Cerca de 40 mil pessoas visualizaram esse conteúdo nas plataformas da Meta.

A divulgação do grupo de pesquisa veio na semana em que o TSE anunciou a extensão da proibição de propaganda eleitoral paga na Internet para 48 horas antes e 24 horas depois do pleito, devido ao crescimento de desinformação e discursos de ódio após o primeiro turno das eleições. Antes da decisão, os anúncios pagos eram proibidos apenas no dia da votação.

Além disso, também nesta semana, a organização internacional Global Witness divulgou os resultados do terceiro experimento realizado durante as eleições brasileiras, afirmando que Youtube e Facebook continuam permitindo informações falsas em anúncios pagos em geral.

Limitações de transparência das plataformas

O estudo do NetLab ainda afirma que a arquitetura das bibliotecas de anúncios do Google e da Meta apresentam problemas para o monitoramento das campanhas pagas, como funcionalidades instáveis e inconsistentes, as quais “tornam as plataformas atrativas para agentes políticos que violam regras e podem ameaçar a integridade do processo democrático e os valores da justiça eleitoral”.

Um desses pontos é a falha na categorização de anúncios sensíveis pelas empresas.  De acordo com o relatório, ambas as plataformas possuem lacunas na classificação dos anúncios, fazendo com que nem toda publicidade política seja rotulada apropriadamente.

No caso do Google, especificamente, os pesquisadores apontam dificuldades em coletar informações na biblioteca de anúncios da empresa, disponível no Brasil em junho de 2022, com quatro anos de atraso em relação aos países do norte global. Conforme explicam, os dados disponíveis na funcionalidade são instáveis e incompletos.

“O Relatório de Transparência impõe dificuldades em monitorar, coletar e arquivar dados em termos técnicos e de qualidade dos dados. Cada nova pesquisa pode retornar resultados diferentes, mesmo com os mesmos termos de busca e anunciantes”, traz o documento.

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