O Whatsapp precisa avançar nas políticas de transparência e responsabilidade para dar as respostas aos abusos que acontecem no aplicativo, “mas a resposta da rastreabilidade das conversas é a resposta errada”. Quem afirmou foi o head do WhatsApp Brasil, Dario Durigan, durante webinar promovido pela Carta Capital para debater o combate às fake news. Participaram também a head de políticas públicas do Youtube Brasil, Alana Rizzo, a pesquisadora Renata Mielli e a diretora do Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão da Secretaria de Políticas Digitais do governo Lula, Samara Castro.
Durigan considera que 99% das conversas que acontecem no WhatsApp são interpessoais e correspondem à concepção original do aplicativo. No entanto, o que se caracteriza como comunicação para grandes audiências, com possibilidades de conteúdo desinformativo e extremista precisa ser combatido.
Mas o executivo rechaçou veementemente a alternativa de rastreabilidade dos metadados, uma hipótese que já esteve presente no PL 2630 que tramita no Congresso Nacional, mas que foi abolida na sua versão final. “Não moderamos conteúdo e não temos acesso às conversas”.
No último 26 de janeiro, o WhatsApp lançou a ferramenta Comunidades, em que é possível reunir grupos chegando a 5 mil pessoas e o limite dos grupos também foi ampliado para 1 mil. A ferramenta equivale ao que o Telegram já oferecia aos usuários e foi usada para organização e convocação de atos antidemocráticos.
Para estes novos desafios que se apresentam na conversa com públicos maiores, Durigan reconheceu que o aplicativo precisa debater soluções e avançar nas respostas. Ele reiterou, no entanto, que o WhatsApp reduziu as possibilidades de encaminhamentos de mensagens o que impacta diretamente na viralização de conteúdo criminoso.
WhatsApp concorda em ser mais transparente na Europa
Na Europa, o WhatsApp foi convocado a ser mais transparente sobre as mudanças em suas políticas de privacidade, após reclamações de órgãos de defesa do consumidor em vários países do continente.
A reclamação era que a empresa não tinha sido clara o suficiente e nem comunicado suas mudanças em linguagem acessível aos consumidores.
O WhatsApp concordou em explicar as alterações nos contratos dos usuários da União Europeia e como elas podem afetar seus direitos, e concordou em exibir de forma proeminente a possibilidade de os usuários aceitarem ou rejeitarem as alterações e garantir que os usuários possam fechar facilmente as notificações pop-up sobre as atualizações. A empresa também confirmou que os dados pessoais dos usuários não são compartilhados com terceiros ou outras empresas da Meta, incluindo o Facebook, para fins publicitários.
Assista aqui à íntegra do debate promovido pela Carta Capital.