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Violência política atinge Janja e Michelle nas redes sociais

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Na eleição mais violenta da história recente do Brasil, nem as esposas dos candidatos à Presidência da República escapam dos ataques políticos. Nas mídias sociais, as ofensas a elas são frequentes e reproduzem temas que marcam a corrida eleitoral: religião e corrupção. Em duas semanas, Janja da Silva recebeu ao menos 799 ataques e Michelle Bolsonaro 273, segundo os dados do MonitorA, observatório de violência política online desenvolvido pela Revista AzMina, InternetLab e Núcleo Jornalismo.

Em 2022, as mulheres que buscam o título de primeira-dama do Brasil são figuras centrais para corroborar os discursos de seus maridos nas candidaturas e atrair apoio das eleitoras mulheres. A participação ativa nas campanhas, contudo, também faz com que estejam mais expostas à hostilidade do pleito. E os ataques às duas são bem diferentes: enquanto a maioria dos ataques à atual primeira-dama são ofensas morais, relacionadas à corrupção, Janja é mais alvo de intolerância religiosa, mesmo sem declarar sua religião publicamente. 

Os xingamentos à socióloga Rosângela “Janja” da Silva estão principalmente no Twitter, onde uma em cada cinco publicações analisadas eram ofensivas. No Instagram, a esposa de Lula da Silva (PT) recebeu 48 ofensas e insultos em duas semanas, presentes em 15% das interações. Já a atual primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que só tem perfil oficial no Instagram, recebeu 273 ofensas, percebidas em 8% dos comentários analisados (veja no final da matéria a metodologia do levantamento). 

Durante o período analisado, a misoginia foi a categoria que mais apareceu entre os ataques — quase um terço das ofensas a Janja no Twitter, e 10% das ofensas para Michele no Instagram. A principal narrativa é xingar Janja através do marido, com termos como “mulher de ladrão”, “mulher de bandido”, “esposa de bandido”, “casou com o ladrão” e “cuidadora de idoso”, entre outras variações. Além disso, ela também é chamada de “janta”, “feia”, “oportunista”, “baranga”, “amante”, “vagabunda” e “doida”. No caso de Michelle, os comentários misóginos usam palavras como “oportunista”, “feia”, “cuidadora de idosos” e “fraquejada”.  

Enquanto o número de comentários nos posts de Janja no Instagram caiu logo após o primeiro turno, os de Michelle quase dobraram. Mesmo com menos interações, proporcionalmente, Janja recebe muito mais ofensas que Michelle. 

No Instagram, a corrupção é a principal narrativa adotada pelo público, citada em 593 comentários, 518 em posts de Michelle Bolsonaro. Quase 80% deles não atacam a atual primeira-dama. Contudo, um em cada quatro comentários sobre corrupção em seus posts atacam ou ofendem Lula, e 17% elogiam ou defendem Jair Bolsonaro. Apenas 5% dos comentários em postagens de Michelle com o tema corrupção trazem ataques e ofensas ao atual presidente. 

Além de ser o principal tema do debate entre os comentadores, a corrupção também dita as ofensas à atual primeira-dama. Mais da metade dos ataques a ela são ofensas morais com acusações de corrupção. O termo “micheque” aparece 143 vezes, mas ela também é acusada de “ladra”, “corrupta” e “traficante”.

“É importante dizer que os ataques às duas estão relacionados a temas polêmicos que ocuparam o noticiário recente. Mas, enquanto Michelle é chamada de “Micheque” em referência a um fato sobre ela mesma – o caso das rachadinhas -, para Janja, as acusações de corrupção são, na verdade, contra Lula. Não há, em nossa análise, casos que remetem à vida política de Janja após ter se tornado esposa do ex-presidente”, comenta Fernanda K. Martins, diretora do InternetLab e uma das responsáveis pela pesquisa. 

Metodologia

Janja da Silva, esposa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 367,8 mil seguidores no Twitter. No Instagram, Michelle Bolsonaro, casada com Jair Bolsonaro (PL), tem 4,4 milhões de seguidores, enquanto Janja tem 343 mil.

Entre 26/09 e 09/10, o MonitorA coletou 38.017 tweets que mencionavam Janja. No Instagram, foram coletados, 30.596 comentários em posts no perfil de Janja e 239.108 no de Michelle Bolsonaro. Selecionando somente os potencialmente ofensivos – ou seja, os que contém pelo menos um dos termos do léxico do MonitorA – restaram 3.025 tuítes e 305 comentários sobre Janja, e 3.178 comentários sobre Michelle. Estas interações, num total de 6.498, foram analisadas uma a uma. Ao final da análise, foram encontradas 1.078 palavras ofensivas – 799 para Janja e 273 para Michelle. 

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