Por força da Lei de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) da União Europeia, o Twitter apresentou um relatório de transparência sobre moderação de conteúdo. A plataforma tem um contingente humano de moderação de 2.294 pessoas que falam inglês. Mas para moderação em outras línguas, este número é consideravelmente mais baixo. Em português, por exemplo, são 41 pessoas. Além do Brasil, mais oito países falam o português.
O número de moderadores na língua árabe é de apenas 12 pessoas e em hebraico são duas pessoas, o que acaba por explicar tanta desinformação que circula na plataforma sobre o atual conflito Israel/Hamas. Mesmo para posts em espanhol, há apenas 20 falantes.
Primary Language | People |
Arabic | 12 |
Bulgarian | 2 |
Croatian | 1 |
Dutch | 1 |
English | 2,294 |
French | 52 |
German | 81 |
Hebrew | 2 |
Italian | 2 |
Latvian | 1 |
Polish | 1 |
Portuguese | 41 |
Spanish | 20 |
Este quadro sugere que fora da língua inglesa, a plataforma não pode garantir a segurança do conteúdo postado, segundo especialistas. A ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, que roda o mundo denunciando a priorização do lucro pelas big techs em detrimento da segurança dos usuários, já havia alertado sobre deficiência na moderação em outras línguas que não o inglês. Em julho de 2022, quando esteve no Brasil, Haugen mencionou seu espanto pelo fato de o Brasil ser uma das maiores democracias do mundo e não ter centralidade nos planos de segurança das plataformas digitais, além de recomendar que as entidades de jornalismo pressionem as redes sociais para que haja um número adequado de moderadores em língua portuguesa.
O mercado de moderação de conteúdo está concentrado na Europa e na Ásia e vai crescendo conforme começam a vigorar medidas regulatórias para as plataformas digitais. Ou seja, onde há maior rigor sobre a empresa, há maior investimento em moderação de conteúdo.