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Como as redações lidam com flexibilidade no trabalho, diversidade e ferramentas de IA

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O Instituto Reuters publicou o seu relatório anual que busca entender como as organizações de notícias estão adaptando as suas práticas de trabalho às mudanças externas e à dinâmica interna. O Changing Newsrooms 2023 traz um olhar específico sobre três questões: o impacto de redações mais flexíveis no trabalho, o impacto potencial da Inteligência Artificial na produção jornalística e o investimento em cultura, diversidade, inclusão e representação dentro dos veículos.

A pesquisa foi realizada com 135 editores, CEOs e executivos de veículos de mídia de 40 países, dois deles brasileiros. O relatório destaca que a maioria dos respondentes são do norte global (29 deles do Reino Unido e 19 dos Estados Unidos) e a maioria deles trabalha em organizações de médio e grande portes, ou seja, os resultados não captam totalmente a situação enfrentada pelas pequenas organizações e pelas que operam em países pobres e/ou autoritários.

Opiniões sobre o uso de IA nas redações 

A maioria dos editores entrevistados (74%) acreditam que a IA generativa vai ajudar as redações a aumentar a produtividade e a melhorar os fluxos de trabalho, sem alterar a essência do jornalismo. Já 21% dos entrevistados pensam que a tecnologia vai transformar os fluxos de trabalho e processos, mudando fundamentalmente todas as funções na redação. 

“A IA generativa dificilmente pode ajudar nas missões principais de produção de jornalismo de alto valor: reunir informações originais, muitas vezes provenientes da rua e de fontes humanas; verificar e verificar informações; trazer um ponto de vista; escrever peças valiosas de uma forma original… Mas pode ajudar a realizar algumas tarefas de forma mais eficiente, a aumentar a distribuição de conteúdos e a ajudar os jornalistas em algumas partes das suas tarefas”, disse um editor sênior francês.

Os executivos também foram questionados sobre como está a orientação dos funcionários sobre as oportunidades e riscos do uso de IA. 29% deles relatam que as suas organizações já possuem princípios de alto nível para orientar o plano de uso, enquanto 39% dizem que estão trabalhando na construção deles. Dos entrevistados, 16% relatam ter em vigor diretrizes detalhadas sobre como usar a IA generativa em diferentes circunstâncias e 35% dizem que estão trabalhando nelas. Apenas 9% dos líderes disseram já ter programas de formação para o pessoal em funcionamento.

Homeoffice e trabalho presencial

Sobre a flexibilidade no trabalho, 65% dos editores falaram que suas redações já implementaram modelos de trabalho flexíveis e híbridos com novas regras em vigor para o pessoal, mas 16% dos respondentes já voltaram ao modelo pré-pandemia, com a maior parte do tempo presencialmente no escritório.

Apesar de a flexibilidade ter aumentado, 30% das redações obrigam os funcionários a irem para o escritório alguns dias fixos por semana e estão aplicando regras para garantir que seja isso seja respeitado e 22% disseram que, apesar de ser necessário que os funcionários estejam no escritório alguns dias fixos por semana, ninguém está verificando se isso realmente acontece. 

Para a maioria dos editores, essas mudanças não impactaram na conexão nem na produtividade dos funcionários, mas 38% pensam que a flexibilidade enfraqueceu o sentimento de pertencimento, enquanto 26% acreditam que a produtividade aumentou. A maioria também acredita que a flexibilidade ajudou a aumentar a diversidade das redações. “O trabalho flexível favorece as mulheres, os prestadores de cuidados e os pais, bem como as pessoas de meios socioeconómicos desfavorecidos que podem não ter condições financeiras para se deslocar ou viver nas grandes cidades”, afirmou um líder de uma organização britânica.

Diversidade, inclusão e representatividade 

A pesquisa também abordou o investimento em cultura, diversidade, inclusão e representação nas redações jornalísticas. Quando se trata de diversidade de género, 90% dos entrevistados sentem que as suas organizações estão fazendo um trabalho muito bom ou bom, mas números são consideravelmente mais baixos quando se trata de fazer um bom trabalho com a diversidade política (55%), apoiar pessoas com deficiência (54%) ou a diversidade étnica (52%).

“Penso que houve uma mudança significativa no que diz respeito à diversidade de gênero, mas quando se trata de diversidade étnica, acontece em um ritmo muito mais lento. Acredito que isto se deve ao fato de haver mais mulheres defendendo outras mulheres, mas há um pequeno número de pessoas de minorias étnicas em cargos de chefia. Isso significa que ninguém está fazendo a mesma campanha que as mulheres fazem agora. Acredito que é extremamente importante para a nossa organização e também para o nosso jornalismo abordar esta questão”, disse o editor sênior de um veículo britânico.

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