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nov 30, 2022 | Destaques, Notícias

QAnons estão de volta ao Twitter. (É aquela turma envolvida no ataque ao Capitólio)

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Depois de serem banidos do Twitter em 2021 por publicação em massa de “conteúdos prejudiciais” vinculados a teorias da conspiração e aos ataques violentos ao Capitólio nos Estados Unidos, em janeiro daquele ano, os QAnons, aos poucos, estão de volta à rede social de micromensagens.

Desde a semana passada, já foram identificados alguns perfis ativos na plataforma de integrantes do movimento, compartilhando livremente memes, desinformação e discursos de ódio contra populações minoritárias, como apontou o jornalista David Gilbert para a Vice.

A reintegração à plataforma do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada no dia 20 de novembro, foi tida como principal motivo para assegurar a volta dos integrantes QAnons à rede social. “Estou no Twitter desde que Elon restabeleceu Trump”, escreveu um usuário em um canal popular do grupo no Telegram. 

Além disso, o crescimento da presença do grupo na plataforma veio dias após Elon Musk prometer anistia geral a contas previamente bloqueadas que não desrespeitaram leis ou estiveram envolvidos em flagrantes de spam. Por meio de uma votação realizada no próprio perfil, em que 72,4% votaram a favor da volta dos usuários, o novo dono do Twitter anunciou que o regresso começaria esta semana.

Ainda segundo Gilbert, com a promessa da anistia geral, milhares dos 70 mil usuários QAnons removidos em 2021 estão ansiosos para voltar ao Twitter.

“O retorno em massa ao Twitter mais uma vez dará ao movimento QAnon uma enorme plataforma para recrutar novos crentes para uma conspiração que repetidamente se mostrou inspiradora de violência, incluindo vários assassinatos”, escreveu o jornalista.

O QAnon é conhecido por ser um movimento marginal de teorias da conspiração que ganhou, nos últimos anos, espaço na Internet ao apoiar o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os integrantes são adeptos de narrativas falsas que vinculam os políticos democratas a pedófilos satanistas e canibais. Episódios de violência também estão atrelados ao grupo. 

Perfis progressistas e de minorias sob ataque

Fundamentada na liberdade de expressão, a decisão de restabelecer os perfis bloqueados por violar as diretrizes da plataforma pode tornar o ambiente ainda mais tóxico.

O senador norte-americano Scott Wiener lembrou que muitas dessas contas foram removidas porque se engajaram com ataques antissemitas, homofóbicos, transfóbicos e racistas. Também são usuários conhecidos por espalhar desinformação e estão dispostos a incitar insurreições violentas nas redes.

“Trazê-los de volta não apenas perdoa seu comportamento passado, mas também valida e consagra sua retórica como pilares do Twitter daqui para frente”, comenta Wiener.

Ao Núcleo, Vladimir Garay, diretor de incidência da Derechos Digitales, afirmou que, frente a tal cenário de incertezas sobre a moderação de conteúdo, os usuários de grupos historicamente silenciados no debate público por questões de gênero, raça, etnia ou sexualidade ficam mais expostos a ataques.

Neste contexto de exposição, em que estão a mercê de ameaças e insultos, essas pessoas preferem deixar as redes. “Se isso nunca esteve sob controle, agora o futuro parece menos promissor”, afirmou Garay ao portal.

Os ataques, inclusive, já são identificados por quem permanece na rede social, lutando pelos direitos humanos. Nesta terça-feira (29), o The Intercept denunciou o silenciamento de perfis de esquerda por uma movimentação de usuários de extrema-direita.

De acordo com a matéria, na semana passada, contas de jornalistas antifascistas e ativistas de direitos humanos norte-americanos foram suspensas no Twitter após usuários extremistas pedirem intervenção diretamente a Elon Musk.

A videojornalista Vishal Pratap Singh, que relatou os protestos de extrema-direita no sul da Califórnia, e o pesquisador antifascita Chad Loder, responsável por estudos que levaram à prisão de manifestantes do ataque ao Capitólio, foram alguns dos usuários bloqueados recentemente pela plataforma.

Twitter encerra política contra desinformação sobre Covid-19

Na esteira das demissões em massa e do desmantelamento das equipes de segurança, a plataforma anunciou o fim da política contra informações enganosas sobre Covid-19, criada em 2020 para manter o debate seguro e confiável em relação à pandemia.

Entre janeiro de 2020 a setembro de 2022, a política foi responsável por contestar 11,7 milhões de contas e suspender mais de 11 mil perfis, além de remover mais de 97 mil conteúdos que espalharam desinformação sobre o assunto.

O fim da política foi anunciado no site da empresa e vai na contramão das iniciativas de combate à desinformação.

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