A rede social de compartilhamento de fotos, Pinterest, anunciou, no começo de abril, que vai tomar medidas para combater a desinformação sobre a mudança climática. O anúncio veio logo após o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicar que a desinformação está retardando a ação sobre as mudanças climáticas. Foi a primeira grande plataforma a anunciar medidas específicas para restringir esse tipo de desinformação. Em 2021, o YouTube anunciou uma medida similar para banir a veiculação de anúncios sobre a mudança climática.
Os Pinners, como são chamados os usuários da plataforma, passaram a seguir diretrizes claramente definidas contra informações falsas ou enganosas sobre mudanças climáticas, incluindo teorias conspiratórias, em todo o conteúdo e anúncios. Este movimento de medidas contra a desinformação começou em 2017 quando o Pinterest incluiu na política de diretrizes comunitárias desinformação sobre emergências de saúde e segurança pública. Desde então tem atuado para atualizar suas políticas com questões novas e emergentes. No site da empresa, a chefe de política da plataforma, Sarah Bromma, defende que a “expansão da política de desinformação climática é mais um passo na jornada da Pinterest para combater a desinformação e criar um espaço seguro online”.
Segundo o porta-voz do Pinterest no Brasil, a plataforma não “espera até que o conteúdo nocivo atinja um determinado limite para agir”. Com a nova política de desinformação climática, a plataforma passou a incluir mais detalhes sobre conteúdo visual que trazem teorias da conspiração e falsas alegações emergentes sobre desastres naturais e eventos climáticos extremos. Para a pesquisadora Leonor Solís, da Universidade Nacional Autônoma do México (México) e da Universidade de Navarra (Espanha), as imagens desempenham agora um papel muito importante na comunicação de informações ou notícias através das redes sociais. “Através de imagens podemos ver o que está acontecendo em muitos lugares do mundo. Ao falarmos sobre o meio ambiente e a mudança climática são as imagens que nos permitiram ver, digamos, aos olhos do mundo, o que está se passando na Amazônia ou os incêndios da Austrália e da Califórnia”, explica.
Solís defende que as “imagens nos dão a vantagem de poder transmitir a realidade de diferentes localidades e coletar informações sobre o que está acontecendo no meio ambiente a partir de uma perspectiva global, além de nossa realidade local”. Isso é fundamental para a mitigação da mudança climática. “O impacto que essas imagens geram nos países do Sul Global é importante porque prescinde da leitura”. acrescenta.
Para as gerações mais jovens, a linguagem audiovisual se tornou predominante na Internet. “Vemos isto obviamente com as redes sociais, como Instagram e TikTok, que são agora as redes sociais mais relevantes globalmente e onde a imagem é o mais importante”, explica a pesquisadora.
Ela alerta para os riscos dos memes. “Usuários às vezes brincam com imagens e acabam passando informações falsas”. A política de desinformação climática do Pinterest pretende combater esse fenômeno e criar um ambiente mais seguro e inclusivo para os Pinners. “Todos os usuários do Pinterest devem cumprir nossas diretrizes da comunidade. Não abrimos exceções para ninguém, como políticos, celebridades ou anunciantes”, explica o porta-voz da empresa. O Pinterest também afirmou que toma medidas contra indivíduos ou grupos dos seus mais de 400 milhões de usuários que espalham ou criam desinformação prejudicial além da climática.