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Lena Benz

Violência política contra autoridades e jornalistas se intensifica em semana decisiva

Lena Benz
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Neste domingo, 23 de outubro, um repórter cinematográfico da InterTV, afiliada da TV Globo no interior do Rio de Janeiro, foi agredido enquanto cobria a resistência armada do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) a um mandado de prisão. Apoiadores de Roberto Jefferson que acompanhavam a ação em frente a casa do político, no município de Comendador Levy Gasparian, cercaram a imprensa e um deles deu um soco nas costas de Rogério de Paula, que caiu e bateu a cabeça.

Alvo de um mandado do Supremo Tribunal Federal, Jefferson reagiu à abordagem e atirou com um fuzil contra os agentes da Polícia Federal que realizavam a ação. De acordo com a PF, ele também lançou granadas contra os policiais, ferindo dois agentes. Jefferson foi preso no início da noite de domingo. Entidades do jornalismo, como Abraji, Fenaj e Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro publicaram notas em repúdio à violência sofrida por Rogério de Paula. Outros jornalistas também foram acuados por apoiadores de Jefferson no local.

A Abraji se solidarizou com o repórter cinematográfico Rogério de Paula e toda equipe da InterTV. Espera que as autoridades fluminenses investiguem com celeridade a agressão ao cinegrafista. “É inadmissível que profissionais de imprensa sejam impedidos de realizar o seu trabalho de levar informações de interesse público para a sociedade”, disse em nota.  

Além do ataque contra o repórter cinematográfico, foram registradas hostilidades contra outros jornalistas no entorno da casa do ex-deputado. “Isso é sinal de que, nos próximos dias, todas as entidades que prezam por um ambiente democrático no Brasil devem permanecer vigilantes em defesa do exercício do jornalismo”, alertou a Abraji.

Antes da prisão, o ex-deputado Roberto Jefferson, protagonizou em vídeo mais um episódio de violência, desta vez contra a ministra Cármen Lúcia, do TSE, agredindo a magistrada de forma misógina e incitando ao ódio. O Tribunal reagiu e publicou nota repudiando “a covarde e abjeta agressão desferida contra a Ministra Cármen Lúcia e tomará todas as providencias institucionais necessárias para o combate à intolerância, à violência, ao ódio, à discriminação e à misoginia que são atentatórios à dignidade de todas as mulheres e inimigos da Democracia, que tem, historicamente, em nossa Ministra uma de suas maiores e intransigentes defensoras”.


E continuou a nota: “A utilização de agressões machistas e misóginas demonstra a insignificante estatura moral e intelectual daqueles que, covardemente, se escondem no falso manto de uma inexistente e criminosa “liberdade de agressão”, que jamais se confundirá com o direito constitucional de liberdade de expressão que, no Brasil e nos países civilizados, não permite sua utilização como escudo protetivo para a prática de todo tipo de infrações penais.”

Ainda ontem, uma carreata em apoio ao candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de tiros em Macaíba, na grande Natal. O ato de campanha contava com a presença da governadora reeleita Fátima Bezerra (PT) e foi interrompido após o tiroteio. De acordo com a 2ª Cia de Polícia Militar do Rio Grande do Norte, duas pessoas foram atingidas e uma delas está em estado grave. A política está investigando o episódio que pode estar atrelado à violência política.

Entre 16 de agosto e 2 de outubro, a Agência Pública coletou 148 casos de violência eleitoral em um levantamento exclusivo. Foi uma média de 3 ataques diários contra políticos, eleitores, jornalistas, candidatos e trabalhadores de institutos de pesquisa.

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