Nas comemorações dos 200 anos de independência do Brasil, o tradicional desfile militar em Brasília foi seguido de discurso do atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. A fala foi marcada pelo cunho eleitoral e pela campanha explícita. Além de reforçar a extrema polarização política, o candidato fez uma crítica velada ao STF, incitando os apoiadores. “Hoje todos sabem que é o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal. Todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, disse Bolsonaro.
O ato não teve a presença de representantes do Judiciário nem do Legislativo. Jair Bolsonaro apelou para o que chamou de “liberdade eterna”: “Tenho certeza, mais que oxigênio, a nossa liberdade é essencial para a nossa vida”, disse o candidato. A temática é um ponto forte na campanha de Bolsonaro, em sabatina ao Jornal Nacional, o presidente disse que entende ataques antidemocráticos como liberdade de expressão, por exemplo.
Além de reforçar a polarização política, dizendo que há uma guerra do bem contra o mal, Bolsonaro voltou a desacreditar as pesquisas de opinião que o colocam em segundo na corrida eleitoral. ”Aqui não tem a mentirosa Datafolha. Aqui é o nosso Data Povo. Aqui, a verdade, aqui, a vontade de um povo honesto, livre e trabalhador”, enfatizou. Em seu discurso, o presidente também trouxe informações falsas, conforme apuração da Agência Aos Fatos.
Segundo informações da AFP, Bolsonaro teria pedido aos apoiadores que não utilizassem bandeiras pedindo golpe de Estado e fechamento do Supremo e do Congresso Nacional, para não assustar os apoiadores moderados. Jair Bolsonaro permanece estagnado nas pesquisas com cerca de 30% da preferência dos votos e os atos de 7 de Setembro servirão para mostrar que ainda tem apoio e condições de ganhar as eleições.
Apesar de destacar esses pontos em seu discurso, o que ganhou as redes sociais foi o termo “imbrochável”, pronunciado 5 vezes pelo presidente em seu discurso em Brasília, ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Segundo apuração da Agência Lupa, o termo rapidamente ficou entre os assuntos mais comentados nas redes sociais. Às 13h45, “imbrochável” estava em 15º nos trending topics do Twitter no Brasil, com 15,1 mil tweets. Às 14h, a rede já tinha 18 mil posts sobre o assunto. Às 14h20, havia 21,8 mil tweets com o termo, que havia subido para o 13º lugar. No Instagram, foram registradas 181.747 interações em posts que mencionaram essa palavra até o mesmo horário. Já no Facebook, foram 25.542 interações até 14h04.
De acordo com o analista de dados Pedro Barciela, o termo foi mais comentado que termos como fomes e desemprego:
Em São Paulo, Eduardo Bolsonaro chamou Lula de “ladrão cachaceiro” em discurso na Avenida Paulista. “A gente não vai botar um bêbado pra nos comandar de novo”, afirmou o deputado e filho do presidente da República.
À tarde, o candidato à reeleição seguiu para o Rio de Janeiro para participar de ato que também misturou comemoração cívica com campanha eleitoral. O discurso na capital carioca acompanhou os rumos da fala matutina. No entanto, Bolsonaro aumentou o tom em relação ao seu adversário direto o chamando de “quadrilheiro de nove dedos”, comparou países da América Latina e depreciou o eleitorado do presidente Lula.
Segundo o colunista do Uol, Leonardo Sakamoto. Bolsonaro e campanha usam truques para inflar multidão e fazer as fotos que precisa para mostrar que tem apoio e vai ganhar as eleições. “Essas fotos vão circular a exaustão pelo Telegram, pelo Whatsapp como se a maioria da população o apoiasse, o que não é verdade”.
A chegada na zona sul do Rio com uma motociata, por exemplo, dá a ideia de que mais gente está reunida nas manifestações, de acordo com Sakamoto.