A relação cada vez mais clara de Elon Musk com a política conservadora internacional ganhou mais um capítulo. Desta vez, o bilionário prometeu doar US$ 45 milhões (cerca de R$ 245 milhões) mensalmente para um comitê de apoio à candidatura de Donald Trump, segundo o Washington Post. Democratas também utilizaram Musk para angariar fundos.
“As doações, se forem concretizadas, serão um acontecimento significativo não apenas na campanha presidencial, mas também no relacionamento entre os dois homens, que têm apoio fervoroso de milhões de fãs prontos para acreditar em quase tudo o que eles dizem”, comentou o jornalista Chris Isidore para a CNN.
O comitê que receberá a possível doação do bilionário se chama American PAC e reúne outros investidores, líderes do setor de tecnologia e figuras influentes da política dos Estados Unidos. O grupo de apoio, formado mês passado, tem o objetivo de incentivar o voto, principalmente do eleitorado jovem e dos indecisos, no candidato republicano.
A promessa da doação de Musk também serviu de argumento para a campanha de Joe Biden pedir investimentos dos eleitores. “Por meio da sua plataforma e dos seus bilhões, Elon Musk é uma pessoa consideravelmente influente. E seu apoio aberto – financeiramente e através da sua plataforma – dificulta bastante o nosso trabalho”, trouxe o e-mail enviado pelo Comitê Nacional Democrata publicado pela jornalista Luciana Moherdaui.
O senador progressista Bernie Sanders comentou a notícia da doação, afirmando que: “Isto é oligarquia: um governo dos bilionários, pelos bilionários e para os bilionários”. Sanders também defendeu o financiamento público de campanhas eleitorais. “Precisamos de um governo que represente a todos, não apenas os bilionários”, escreveu em seu perfil no X.
Musk apoia Trump no X
Musk, que possui o perfil mais seguido no X (antigo Twitter) com mais de 189 milhões de seguidores, já havia apoiado oficialmente o candidato republicanologo depois que Trump sofreu o atentado no último sábado (13).
“Apoio totalmente o Presidente Trump e espero sua rápida recuperação”, escreveu na sua conta oficial no X. A postagem somou mais de 214 milhões de visualizações e 2 milhões de likes até a manhã desta quarta-feira (17). Em outro post, ainda no sábado, o empresário chamou Trump de “mártir”.
Desde então, o dono do X vem criticando as ações de proteção do serviço secreto norte-americano e endossando o apoio ao ex-presidente. Nesta quarta, afirmou que “a escolha é clara” após ser citado numa lista de investidores que aprovam a candidatura do ex-presidente.
Ação do dono da plataforma rompe com a neutralidade e com a prática já estabelecida por outros CEOs de grandes plataformas: nenhum apoiou um candidato presidencial. Uma análise publicada no jornal O Globo aponta “questões sobre como os seus oponentes podem esperar ser tratados na plataforma”.
Porém, o uso da rede por Musk para apoiar e influenciar a política não é nada novo. Em abril, o bilionário ameaçou não cumprir decisões da Justiça brasileira e pediu o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Nos últimos meses, Musk começou a expor publicamente um posicionamento cada vez mais alinhado com a extrema-direita internacional. Em novembro de 2022, por exemplo, apoiou os candidatos republicanos nas eleições para o Congresso norte-americano.