Após lançarem uma campanha de desmonetização visando a Jovem Pan, o grupo Sleeping Giants vem sendo vítima de pressão e processos por parte da emissora, de acordo com seus integrantes. Desde o lançamento da campanha, em dezembro de 2022, a empresa já entrou com uma liminar na justiça e uma denúncia contra a organização na Polícia Civil.
“Constatamos que a Jovem Pan seguiria o mesmo rumo de desinformar e questionar o resultado das eleições e percebemos que os atos de violência estavam sendo minimizados pelos comentaristas da emissora, o que motivou nossa campanha”, afirmou Humberto Ribeiro, co-fundador e diretor do Sleeping Giants Brasil.
A organização se caracteriza como um movimento de consumidores contra o financiamento do discurso de ódio e das fake news. As campanhas de desmonetização acontecem por meio de alertas nas redes sociais em que o Sleeping e seus seguidores cobram publicamente as empresas que anunciam e financiam determinadas páginas, notórias pela disseminação de notícias falsas e discurso de ódio. Desde que foi lançada, a campanha já retirou 60 anunciantes das páginas da Jovem Pan.
O grupo já realizou 47 campanhas em que 1.054 empresas retiraram seus anúncios de conteúdos considerados falsos ou extremistas. Em seu site, o Sleeping publica o “desmonetizômetro” e informa que R$ 62 milhões “deixaram de ir para os bolsos dos mentirosos e odiosos desde o início da nossa atuação”.
Humberto Ribeiro lembrou que comentaristas da emissora questionaram o sistema de votação brasileiro, desinformando sobre o artigo 142 da Constituição Federal e atacaram veículos de imprensa. “Nós apontamos que um ato de insurreição poderia acontecer em breve, legitimado pelo discurso da Jovem Pan. No Natal, por exemplo, o homem que tentou explodir um caminhão em Brasília era um grande apoiador, compartilhava muito conteúdo da Jovem Pan”, denunciou Ribeiro.
Além disso, o grupo realizou um acompanhamento sistemático da cobertura da emissora durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro em que, de acordo com o Sleeping Giants, a empresa manteve a mesma postura antidemocrática.
Durante a campanha, o Sleeping Giants ajuizou uma produção antecipada de provas porque foi identificado que a emissora estava tornando seus vídeos privados. “Entramos com essa ação para que a gente conseguisse acessar esses conteúdos e propor, eventualmente, uma ação civil pública para que a Jovem Pan seja obrigada a reparar os danos que causou à coletividade”, explicou o diretor do SGBR.
A Jovem Pan, no entanto, também entrou na justiça. A emissora ajuizou uma ação cível pedindo que a campanha fosse suspensa e solicitando a retirada dos perfis do SGBR do ar. Tais pedidos foram indeferidos em duas instâncias. Além disso, foi realizada uma denúncia contra a organização, alegando que o Sleeping Giants estava cometendo crime de difamação e solicitando a quebra do sigilo bancário e telemático, inclusive dos diretores como pessoas físicas.
Nessa ofensiva, a Jovem Pan solicitou, de acordo com o diretor do SGBR, o apoio de entidades de rádio e TV. Associações como Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel), Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (Aesp) e Associação Paulista de Imprensa publicaram notas de repúdio ao Sleeping Giants, argumentando que a campanha fere a liberdade de expressão e de imprensa.
“A única e exclusiva responsável pelos danos financeiros que sofreu é a própria emissora Jovem Pan, que dedicou-se a atuar de maneira ilícita, antiética e irresponsável, minando sua própria reputação e, por consequência, afastando anunciantes que não desejam estar associados aos conteúdos da emissora. Nós, a sociedade civil e o Sleeping Giants Brasil, apenas cumprimos nosso dever ao denunciar e pressionar os atores econômicos envolvidos com tais comportamentos ilícitos”, concluiu Ribeiro.
A Jovem Pan se pronunciou através de um comunicado publicado no site:
“A trajetória da Jovem Pan é marcada pelo pioneirismo e consequentemente pela coragem. Não é diferente agora. Enfrentamos de frente neste momento uma campanha realizada para desqualificar a nossa marca e nossos parceiros; um movimento inaceitável de cerceamento da liberdade de expressão. Os ataques orquestrados contra a Jovem Pan e seus clientes são uma agressão pública infundada não somente a milhões de brasileiros, que são a nossa audiência, mas também a toda a população deste país. Retirar falas de entrevistados e comentaristas de contexto e criar falsas narrativas sobre o posicionamento editorial da empresa é um método condenável, que ultrapassa limites éticos. Ameaçar empresas e seus clientes é uma tentativa inadmissível de regulação de mídia imposta de forma terrorista, chantagista e marginal à lei. Pluralidade, respeito à diversidade de opinião e à legalidade são bases dos nossos 81 anos de história. O Grupo Jovem Pan usa o trajeto inverso de seus agressores, o legal, e busca no poder público a interrupção desta campanha covarde. Seguimos adiante, produzindo conteúdo e jornalismo comprometido e sério”