Nos últimos dias, dezenas de veículos estrangeiros dedicaram espaço para as eleições brasileiras. Ataques à integridade eleitoral, campanhas de desinformação e vitória de candidatas negras e indígenas foram alguns dos temas que ganharam repercussão em análises mundo afora.
No domingo (2), o jornal francês Le Monde destacou as campanhas de desinformação em benefício do presidente em mandato, Jair Bolsonaro (PL), afirmando que o Brasil é considerado um país de risco para articulações do tipo.
Além disso, o site francófono usou como referência o estudo do instituto Global Witness, divulgado em agosto, mostrando que as plataformas de redes sociais da Meta estavam permitindo a circulação de campanhas pagas com informações falsas.
Ataques à integridade eleitoral também foram tema da matéria, bem como em jornais de outros países. O britânico The Guardian, por exemplo, trouxe os frequentes ataques do candidato do Partido Liberal ao sistema democrático brasileiro, relembrando as falas sobre fraudes envolvendo autoridades eleitorais e judiciais do Brasil.
“Essas alegações foram feitas sem evidências e apesar de auditadas por monitores independentes”, comentou o periódico da Inglaterra.
Impacto nos EUA
Já nos Estados Unidos, a corrida entre esquerda e direita representada pelos candidatos presidenciais para o segundo turno ganhou espaço em mídias como The New York Times e Washington Post desde o último domingo.
Na terça-feira, o jornal nova iorquino, porém, chamou atenção especificamente para o impacto das narrativas negacionistas das eleições brasileiras entre os apoiadores de Donald Trump.
Segundo a matéria, eleitores pró-Trump compartilharam nas redes digitais alegações sem respaldo sobre fraudes durante as votações no Brasil. Denúncias sobre “malas saindo debaixo das mesas” de votação e “caixas de pizza na frente das janelas para bloquear os observadores das eleições” foram algumas das mensagens escritas pelos usuários.
O receio, conforme trouxe o periódico, é que os eleitores de direita norte-americanos usem essas falsas alegações de fraudes brasileiras para pôr em questionamento as próximas eleições de meio mandato no país, marcadas para acontecer em 8 de novembro.
Resultado histórico
Apesar de reconhecer o cenário complexo de avanço da direita no país, o italiano Left chamou de “resultado histórico” a entrada de três representantes indígenas na Câmara dos Deputados na busca pela luta dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente no país.
O progressista Comune, um dia antes das votações, também ponderou a importância das candidaturas de minorias populacionais historicamente oprimidas, como de mulheres negras, frente aos ataques do conservadorismo extremo, autoritarismo e anticomunismo brasileiros.
“Apesar dos imensos desafios, os parlamentares negros da última legislatura agiram corajosamente ao propor transformações sociais relevantes para o futuro do país”, pontuou o veículo italiano.