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Meta repete ações de 2022 para proteger as eleições de 2024

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Mesmo com a ineficácia em controlar desinformação eleitoral no Facebook, Instagram e WhatsApp nas eleições de 2022, a Meta decidiu, praticamente, anunciar as mesmas ações, que utilizou há dois anos, para o pleito municipal de outubro no Brasil. O grupo publicou hoje (2/4) um comunicado com uma lista de medidas e estatísticas já velhas conhecidas, como a proibição do WhatsApp Business por campanhas políticas, limitação do encaminhamento de mensagens no WhatsApp (o que na prática não surte tanto efeito depois da implementação de canais com capacidade para falar com grandes audiências) e reiteração de um plano limitado, anunciado em fevereiro, para rotulagem de imagens geradas por IA postadas no Facebook, Instagram e Threads. Não se sabe se as medidas sobre IA estarão valendo a tempo das eleições brasileiras porque não há dados regionais.

“O comunicado parece não trazer novidades que as eleições municipais do Brasil exigem, especialmente diante das restrições impostas pelas empresas de tecnologia no acesso aos dados. Isso é agravado pela descontinuidade da ferramenta digital CrownTangle e pelo lançamento de novos recursos, como os Canais e as Comunidades, no caso do WhatsApp”, avalia a pesquisadora no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD) e no Instituto Democracia em Xeque, Tatiana Dourado. A Meta anunciou o fim do CrowdTangle, uma ferramenta de análise de dados utilizada por pesquisadores e jornalistas para monitorar e estudar o Facebook e o Instagram, a partir de 14 de agosto.

Chama a atenção que a empresa, praticamente, copiou estatísticas informadas em 2022 sobre o que tem feito para impedir o uso malicioso do WhatsApp. “Quando introduzimos limites dentro do aplicativo, observamos uma redução de mais de 25% no encaminhamento de mensagens. Com limites de encaminhamento mais rígidos para mensagens encaminhadas com frequência, reduzimos a viralização desse tipo de mensagens em mais de 70%.”, informou a Meta no comunicado de hoje, mesma estatística de 2 anos atrás, conforme a plataforma Ache a Regra. Isso se agrava se pensarmos que o WhatsApp foi ferramenta essencial para disseminação de desinformação na campanha eleitoral de 2022 e até mesmo para orquestração dos atos golpistas de 8 de janeiro, segundo pesquisa da Mozilla Foundation.

A empresa informa ainda, de forma repetida, que “o sistema de integridade do WhatsApp detecta contas que apresentam comportamento anormal para que não possam ser usadas para espalhar spam ou desinformação” e que elimina mais de 8 milhões de contas por mês em todo mundo por comportamento anormal, sendo que 75% dessas contas são banidas antes mesmo de uma denúncia de usuário. Entretanto, com mais de 142,2 milhões de usuários no Brasil, não há um detalhamento deste trabalho preventivo regionalmente, permanecendo opaco o ambiente de circulação de desinformação do WhatsApp brasileiro.

As regras para publicidade politica e eleições e para a biblioteca de anúncios também não apresentam novidades, segundo os pesquisadores do NetLab da UFRJ. Apesar de denúncias de pesquisadores da Global Witness sobre problemas graves em 2022, a empresa considera que, desde 2018, a publicidade sobre política e eleições veiculada no Facebook e no Instagram no Brasil é devidamente identificada e lícita.

Os posts com os rótulos “Pago por” ou “Propaganda Eleitoral” ficam armazenados na Biblioteca de Anúncios por sete anos, segundo o anúncio de hoje, mas a atualização deste repositório, bem como sua abrangência, itens bastante cobrados pelos pesquisadores do NetLab e documentos da Sala de Articulação contra Desinformação (SAD) não são informadas.

Por fim, a empresa Meta diz que vai repetir a parceria com autoridades judiciais, checadores de fatos, jornalistas e especialistas que vão compor uma Central das Eleições, medidas que também não se mostraram suficientes para mitigar o fluxo desinformativo nas redes sociais do grupo.

“Em geral, as medidas destacadas já são conhecidas há bastante tempo, como o programa de verificação de fatos em parceria, que pode ser considerado paliativo, assim como a inserção de rótulos em imagens modificadas por IA, ou insuficiente, como as medidas de transparência na publicidade realizada no Facebook e no Instagram”, completa a pesquisadora Tatiana Dourado.

Leia aqui o comunicado completo divulgado pela Meta para as eleições municipais de 2024. A assessoria local da empresa foi contactada, mas até a publicação da matéria não havia retornado.

 

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