O Conselho de Supervisão da Meta (Oversight Board), criado para revisar as decisões da big tech, decidiu nesta segunda-feira (5) que a empresa não errou em manter um vídeo enganoso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no Facebook. Apesar disso, o Conselho diz que a política é “incoerente” e “confusa”.

O conteúdo original mostrava o presidente acompanhando a sua neta, Natalie Biden, na votação do processo eleitoral de 2022 e colando o adesivo “I Voted” (eu votei) na sua blusa. O gesto é seguido de um beijo na bochecha. Já o vídeo enganoso se referia a uma versão alterada para que ficasse em loop, repetindo o momento em que Joe Biden cola o adesivo para parecer que era um toque inadequado. 

O loop é acompanhado de uma música com letras sexuais e a legenda do vídeo afirma que o presidente Biden é um “pedófilo doente” e que as pessoas que votaram nele são “mentalmente doentes”. O vídeo em si foi publicado em maio de 2023, mas, desde janeiro, versões similares se tornaram virais na plataforma. O conteúdo também foi verificado como enganoso pela agência de checagem AFP. 

O conteúdo foi denunciado, mas, para a Meta e seu Conselho de Supervisão, a publicação não fere as políticas da plataforma sobre mídia manipulada. Isso porque, alega a organização, o clipe não mostra Joe Biden falando palavras que não foram ditas originalmente e também não consta o uso de Inteligência Artificial, o que seria proibido de acordo com a atual política. 

“A política faz pouco sentido” 

A decisão do Oversight Board, no entanto, critica a política de mídia sintética e manipulada da Meta. Para o conselho, a diretriz “carece de justificativa, é incoerente e confusa para os utilizadores e não especifica claramente os danos que procura prevenir”. “A política deveria ser reconsiderada”, resume o Oversight Board destacando que essas revisões devem ser rápidas “dado o número recorde de eleições em 2024”.

“A política faz pouco sentido”, disse o copresidente do Conselho de Supervisão, Michael McConnell. “Proíbe vídeos alterados que mostram pessoas dizendo coisas que não dizem, mas não proíbe postagens que retratam um indivíduo fazendo algo que não fez. Isso se aplica apenas a vídeos criados por meio de IA, mas deixa outros conteúdos falsos fora de perigo”. 

Na decisão, o conselho recomenda que a big tech deve reconsiderar sua política de conteúdos manipulados para que possa cobrir: conteúdo de áudio e audiovisual; conteúdo que mostre pessoas fazendo coisas que não fizeram; e conteúdo independentemente do método de criação ou alteração, ou seja, não apenas alterado com o uso de IA.

Além disso, o board recomenda que a Meta defina uma política unificada porque atualmente essas regras se concentram em uma política independente e como parte do Padrão da Comunidade de Desinformação. A última recomendação do conselho  é que a Meta pare de remover mídia manipulada quando nenhuma outra violação da política estiver presente e, em vez disso, aplique um rótulo indicando que o conteúdo foi significativamente alterado e pode ser enganoso.