A Meta, empresa detentora do Facebook e do Instagram, ameaçou a remoção das notícias nos Estados Unidos. A advertência, feita ontem (5/12), foi uma resposta à Lei de Concorrência e Preservação do Jornalismo, que vem sendo discutida no Congresso norte americano e prevê a negociação de organizações de notícias com plataformas digitais, como Google e Facebook, sobre a distribuição dos seus conteúdos e remuneração por eles.
Em comunicado oficial, a empresa disse que o projeto de lei era imprudente e que, se ele fosse aprovado, a Meta seria forçada a considerar a remoção total das notícias da plataforma. “Em vez de nos submetermos a negociações determinadas pelo governo que desconsideram injustamente qualquer valor que fornecemos aos meios de comunicação por meio do aumento do tráfego e assinatura”, argumentou a empresa em texto publicado pelo chefe de comunicações da empresa, Andy Stone.
Para a Meta, os editores e as emissoras noticiosas colocam seu conteúdo na plataforma porque isso traz benefícios para seus resultados – e não o contrário. “Nenhuma companhia deveria ser forçada a pagar por conteúdos que os usuários não querem ver”, argumentou a empresa de tecnologia. O comunicado continuou: “O governo criar uma entidade semelhante a um cartel que exige que uma empresa privada subsidie outras entidades privadas é um precedente terrível para todas as empresas americanas”.
De acordo com Jason Kint, CEO da Digital Content Next, uma associação comercial que representa empresas de mídia digital, a ameaça é um blefe da empresa. “Lembro a todos que o Facebook passou 9 meses planejando causar o caos na Austrália antes de recuar e ameaçar o Canadá também. E eles fizeram isso sob uma narrativa enganosa para proteger os lucros e desconsiderar o público”, indicou Kint.
A ameaça que fez aos Estados Unidos realmente se concretizou na Austrália quando tramitou o Media Bargaining Code, Código de Negociação de Notícias em português. “Mesmo alegando que o conteúdo jornalístico respondia a uma menor parte da plataforma, o Facebook tomou uma atitude mais extrema e baniu todo conteúdo jornalístico para dar um gostinho do que a lei causaria. A atitude causou repúdio dos usuários à plataforma”, reportou o jornalista e pesquisador Mathias Felipe no *desinformante. No Canadá, onde legislação similar tramitou, a estratégia foi a mesma.
De acordo com o site The Verge, a lei norte-americana ainda precisa passar pelo plenário do Senado, mas já houve aprovação pelo Comitê Jurídico da instituição em setembro deste ano. “O Facebook não é a única entidade que se opõe ao projeto de lei. Um total de 26 organizações, incluindo Public Knowledge e Electronic Frontier Foundation, escreveram uma carta aos legisladores contra o projeto de lei”, contou o Verge. A carta foi divulgada também nesta segunda-feira. No entanto, outras organizações midiáticas apoiam a legislação nos EUA.