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@thiagoilustrado

fev 22, 2022 | destaques, notícias

Inteligência artificial tenta desvendar idealizador do QAnon

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Cientistas da computação franceses e suíços usaram inteligência artificial (IA) para comparar padrões sutis em mensagens publicadas em 2017 na tentativa de identificar o militante anônimo conhecido como “Q”, responsável pelo início do movimento agora conhecido como QAnon. Segundo o jornal americano The New York Times (NYT), Paul Furber, um desenvolvedor de software e jornalista de tecnologia sul-africano, fascinado pela política norte-americana e pelas teorias da conspiração, pode estar por trás das primeiras mensagens.

Ao contrário do que pensavam anteriormente, que Furber seria um dos primeiros apóstolos do QAnon, a análise mostrou que ele desempenhou um papel de liderança ao escrever as primeiras mensagens. Outros sinais da relação com QAnon puderam ser identificados através de sua forte relação com teorias conspiratórias. O desenvolvedor ainda se agarrou ao “Pizzagate”, a mentira online desmascarada de que os satanistas liberais estavam traficando crianças de um restaurante de Washington. Também esteve entre os poucos que entenderam uma referência obscura na mensagem à “Operação Mockingbird”, um suposto esquema da CIA para manipular a mídia de notícias.

Os cientistas também identificaram que em 2018 um colaborador assumiu o controle das publicações assinadas como Q. O usuário Ron Watkins teve publicações recentes no Twitter sobre as eleições de 2020 comparadas a mensagens de 2019 do usuário Q. Esses estudos foram os primeiros a trazer evidências de quem pode ter inventado o mito tóxico de QAnon. Os cientistas que conduziram os estudos disseram ao NYT que esperavam que desmascarar os criadores pudesse enfraquecer o domínio sobre os seguidores de QAnon. 

As duas equipes de linguistas forenses dizem que modelos computacionais baseados em IA mostraram que os textos de Q apresentam fortes similaridades com tuítes escritos por Furber. Os cientistas da computação usaram um método que baseava-se em uma abordagem matemática conhecida como estilometria, uma nova forma de ciência que promete produzir resultados mensuráveis, consistentes e replicáveis.

Enquanto dois proeminentes especialistas que revisaram as descobertas para o NYT chamaram as conclusões de confiáveis e persuasivas, o professor Gerald McMenamin, da Universidade de Nevada, foi cético com relação aos resultados. Para o pesquisador, é difícil identificar as peculiaridades das mensagens de Q, principalmente, por serem compostas por frases curtas, declarações confusas e uso de jargões. O matemático Patrick Juola, da Universidade Duquesne, disse ao NYT que o resultado é realmente poderoso já que foram conduzidas pesquisas independentes e chegaram a mesma conclusão. Juola foi o responsável por identificar que a J.K. Rowling, a autora do Harry Potter, estava assinando o livro “O Chamado do Cuco” com o pseudônimo de Robert Galbraith.

As equipes compartilharam amostras de texto, incluindo mais de 100.000 palavras por Q e pelo menos 12.000 palavras por cada um dos outros 13 escritores analisados. Segundo as equipes de pesquisadores, a precisão dos resultados é acima de 93%.  

O que é o QAnon?

A origem do QAnon pode ser rastreada desde outubro de 2017, quando uma publicação anônima apareceu no fórum do site 4chan durante a investigação do assessor Robert Mueller sobre a interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Em uma série de mensagens, um usuário anônimo deu a entender que era um infiltrado do governo e que possuía informações secretas. “Muitos em nosso governo adoram Satanás”, anunciava em uma das mensagens. Em outras incluía trechos de versículos bíblicos. 

À medida que o fluxo de mensagens crescia, o mistério em torno do usuário Q aumentava, levando a um fascínio dos seus seguidores. Nenhuma das informações compartilhadas por Q foram provadas, mas o QAnon ganhou força no mundo. Simpatizantes do movimento conspiratório o expandiram para outros países durante a pandemia, como Alemanha, Austrália e Canadá. QAnon tem sido relacionado a dezenas de incidentes violentos. Muitos dos invasores do Capitólio em 2021 eram adeptos do movimento conspiratório.

 

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