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Eleições em Taiwan colocam à prova ações das plataformas contra desinformação

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Google, Meta e TikTok falharam em conter desinformação e interferência chinesa nas eleições presidenciais de Taiwan, realizadas no último sábado (13), segundo apontou as organizações internacionais que integram a Coalizão Global de Justica Tecnológica (Global Coalition for Tech Justice, em inglês). O pleito taiwanês, junto com Bangladesh e Butão, deu o pontapé inicial no mega ciclo de 65 eleições mundo afora, com mais de 2 bilhões de pessoas indo às urnas e colocando à prova as promessas de respeito à integridade eleitoral feitas pelas plataformas digitais.

De acordo com a coalizão, durante a eleição que definiu o governista Lai Ching-te como novo presidente de Taiwan, houve um aumento considerável de conteúdos produzidos por Inteligência Artificial, principalmente as deepfakes, visando candidatos a favor da independência da ilha em relação à China e gerando medo de possíveis conflitos. Além disso, boatos de fraude eleitoral circularam no TikTok, enquanto nas plataformas da Meta e do Google, conteúdos sensacionalistas e polarizados foram impulsionados pelas dinâmicas de recomendação algorítmica.

O monopólio de conteúdos em mandarim também inunda a rede com narrativas pró-Pequim. Como aponta o coletivo, a pesquisa nos mecanismos de busca do Google na língua oficial chinesa oferece mais resultados e com menos diversidade em relação a pesquisas em inglês. O pesquisador taiuanês Tzu-wei Hung, do centro acadêmico Academia Sinica, explicou que isso acontece porque sites no idioma chinês são otimizados para os mecanismos de busca da empresa, além de seguir as suas diretrizes anti-spam. “O Google também obtém lucros consideráveis com anúncios de tráfego que esses sites geram”, afirmou Hung.

Sherylle Dass, integrante do Legal Resources Center, afirmou que, durante as eleições em Taiwan, as plataformas não conseguiram colocar como prioridade os cidadãos e o pleito eleitoral, permitindo que a interferência chinesa e as dinâmicas algorítmicas interferissem na integridade democrática. “Será que algum dia as empresas de redes sociais estarão prontas ou 2024 será um ano de fracassos?”, questionou Dass.

Em setembro do ano passado, a Coalizão Global de Justiça Tecnológica lançou a campanha Ano da Democracia, questionando a capacidade das plataformas digitais de agir contra as ameaças às democracias mundo afora. Para a organização, as big techs não estão prontas para combater a desinformação no Brasil e nas outras mais de 65 eleições que vão acontecer em 2024 ao redor do mundo.

Taiwan possui um histórico de relacionamento tenso com a China. A ilha esteve sob o domínio chinês até 1895, quando foi cedida ao Japão, e foi incorporada novamente após o fim da II Guerra Mundial. Em 1949, após uma guerra civil na China entre forças nacionalistas e o Partido Comunista, Taiwan foi ocupada pelo que restou do partido nacionalista, contando com a ajuda dos Estados Unidos. Hoje, enquanto Taiwan se vê como um país democrático independente, a China afirma que o território é uma província separatista que um dia voltará ao poder de Pequim. A disputa também reflete o conflito geopolítico global entre China e Estados Unidos.

EUA inicia processo de primárias e Brasil se prepara para pré-campanha

Os norte-americanos, assim como os taiwaneses, também terão que escolher neste ano o próximo presidente do país. Por lá, a votação está marcada para o dia 5 de novembro, mas nesta segunda-feira (15), o país já deu início às primárias, fase inicial em que os cidadãos escolhem os candidatos que representarão os partidos na eleição final. Espera-se que a desinformação, impulsionada pelas IAs generativas, continue neste ano como um dos principais desafios para a integridade do pleito eleitoral.

O Brasil, prestes a realizar as eleições em outubro, também já deu início ao seu calendário eleitoral. No início deste mês, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou as minutas de resolução que valerão para as eleições de 2024 e que estão em consulta pública até esta sexta-feira (19). Os textos apresentam, dentre outros temas, criação de regras sobre o uso de IA nas propagandas e a obrigação de criação de mecanismos de transparência sobre anúncios pelas plataformas digitais. As audiências públicas para receber sugestões sobre as resoluções serão realizadas nos dias 23, 24 e 25 de janeiro.

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