Esta entrevista faz parte da série Legados das Eleições 2022. São três perguntas para atores do debate da desinformação.
*desinformante – A checagem de fatos chegou mais perto do cidadão comum, ficou mais popular nas eleições de 2022?
Natália Leal – O jornalismo de verificação se tornou mais presente na rotina das pessoas, a partir da popularização do termo da desinformação. O tema se tornou central em todas as conversas em um país em que a política se tornou central a partir da Operação Lava Jato. Antes disso estava muito ligado a pesquisadores e pessoas que transitam no ambiente digital. A popularidade da Lupa explodiu no último ano, não é segredo. A gente encontrou outras formas de chegar em outros públicos como TikTok, que ajudou a popularizar conteúdos eleitorais.
*desinformante – Como os debates na TV viraram palanque para muita desinformação, ouvi um clamor pela checagem em tempo real. É possível? Vocês fariam?
Natália Leal – Desde 2016 a Lupa procura redes de TV e outros gigantes de mídia, como plataformas, para acompanhar os debates com verificação em tempo real. Seja no formato de uma tarja de informação, como tem nas redes de notícias, passando ali embaixo, a gente já procurou para fazer isso e sempre foi uma ideia rechaçada. Existe uma polêmica de que as campanhas não aceitariam uma situação em que os candidatos seriam confrontados o tempo inteiro com as mentiras que contam.
*desinformante – Vocês usaram a imunização informativa em alguns momentos, tentando antecipar algumas informações falsas que os candidatos iriam contar nos debates, por exemplo. Essa é uma ferramenta que funciona?
Natália Leal – Esta é uma ferramenta que se conecta com nosso braço de educação midiática que, desde 2017, defendemos como a solução no médio e longo prazos para o problema da desinformação. A imunização informativa ou o prebunking é uma forma de responder de forma ágil, uma vacina para que a pessoa já esteja preparada quando chegarem as informações falsas pelas redes sociais. Trabalhamos com prebunking na pandemia e vimos que se encaixava na cobertura das eleições porque sabíamos que os candidatos se repetem e poderíamos alertar a população para isso.