Apesar de 70% da população brasileira não saber o que significa a sigla “STF”, 85% concorda com o bloqueio, pela instituição, de contas robôs e punições a quem cria fake news. Os dados são da pesquisa “Supremo Tribunal Federal e a democracia no Brasil”, realizada pelo instituto Quaest. O levantamento, que tem um margem de erro de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos, também aponta uma baixa confiança no STF, 78% da população indica confiar pouco ou não confiar na Corte.
Mas o Supremo não é a única instituição com credibilidade em baixa. A pesquisa aponta que as três instituições que mais inspiram confiança são a Igreja Católica, as Forças Armadas e as Igrejas Evangélicas.
A pesquisa também trouxe dados sobre ações e experiências com o judiciário, além de um panorama mais elaborado sobre o contato com a desinformação. Entre os entrevistados, 77% disseram receber fake news e 37% recebem várias vezes ao dia e a maioria recebe via Facebook, seguido do aplicativo de mensagens WhatsApp.
Sobre o combate à desinformação, além de apoiarem o bloqueio de contas pelo STF, 63% dos entrevistados informaram que apoiam o “Projeto de Lei das fake news”, enquanto 19% apoiam pouco e 15% não apoiam, apesar de o projeto tramitar no Congresso Nacional, onde o percentual dos que não confiam ou confiam pouco fica acima de 90 pontos percentuais. Ainda sobre o tema, mais da metade da população (68%) afirma que a ação da justiça para evitar notícias falsas é importante para fortalecer a democracia, enquanto 24% diz que tais ações ferem a liberdade de expressão das pessoas.
“O que nós temos aí é um retrato da conjuntura que temos hoje no Brasil, do ponto de vista sociopolítico, com o descrédito nas instituições referentes aos Três Poderes. Temos o Poder Executivo na figura do presidente com uma descredibilidade significativa ao lado da Justiça, com descrédito ainda maior e um descrédito altíssimo no Poder Legislativo e nos partidos políticos em geral”, analisa Magali Cunha, pesquisadora da área de mídia, religião e política.
Para a pesquisadora, as instituições que aparecem com maior credibilidade, como as igrejas e as forças armadas, precisam ser analisadas não só do ponto de vista político, mas também cultural. “O papel das forças armadas e da polícia está ligado a uma cultura do militarismo e do autoritarismo que remonta a história brasileira”.