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mar 12, 2024 | destaques, notícias

Brasil está imerso em onda autocrática, aponta pesquisadora

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O mundo está passando por uma terceira onda de autocratização, quando valores democráticos dão lugar a ideais autocráticos, e o Brasil é um dos principais países que seguem essa tendência. Com essa fala, a pesquisadora vinculada ao Instituto Alemão de Desenvolvimento e Sustentabilidade, Anita Breuer abriu o debate realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta terça-feira (12), que teve o objetivo de entender como está atualmente o ecossistema informacional brasileiro.

De acordo com Breuer, que tem trabalhos envolvendo governança digital e impactos das tecnologias na democracia e coesão social, a atual onda se inicia nos anos 2000, após momentos de colapsos de democracias nos anos 30 e 60, e é caracterizada pela gradual erosão dos princípios democráticos e das liberdades civis. O período também coincide com a presença da desinformação online e da polarização política que afetam diversos países, inclusive o Brasil.

Checagem de fatos e seus limites 

As pesquisadoras brasileiras Taís Seibt, da Unisinos, e Nara Pavão, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), levantaram a importância do trabalho dos checadores de fatos e dos jornalistas brasileiros para fortalecer a credibilidade das informações. Enquanto Seibt buscou evidenciar as iniciativas de checadores que proliferaram nos últimos anos no país, Pavão buscou questionar a eficácia do método.

“Nós tivemos evidências que, enquanto no Norte Global a checagem de fatos foi uma ferramenta efetiva para combater desinformação, não tivemos nenhuma comprovação de que o mesmo aconteceu no Sul Global”, afirmou Nara, destacando também as diferenças culturais, educacionais e midiáticas entre os países desses dois eixos econômicos.

Embora reconheça a importância dos checadores de informação para o ecossistema informacional, Nara afirmou que, de acordo com as pesquisas realizadas por seu grupo de pesquisa, esse método não consegue desencorajar as pessoas a acreditarem em informações falsas, principalmente quando elas reforçam seus pontos de vista. 

O caminho mais eficaz, ainda segundo a pesquisadora, é a aplicação de técnicas de imunização informacional, também conhecido como prebunking, que consiste em preparar as pessoas para a exposição a grandes níveis de desinformação. “Nós basicamente tentamos treinar as pessoas para reconhecer fake news, tentamos aumentar a preocupação das pessoas sobre o ecossistema em que elas estão inseridas”, explicou.

Integridade da informação e regulamentação das plataformas 

A discussão sobre a Integridade da Informação, conceito atualmente utilizado e defendido pelo governo federal nas atividades do G20, ganhou espaço no evento. Nina Santos, coordenadora geral do *desinformante e do Aláfia Lab, lembrou que o termo é importado do Norte Global e que por isso traz consigo uma bagagem contextual de fora.

“Quando traduzimos e importamos esse termo, nós também estamos importando mentalidades que estão por trás dele”, afirmou Nina. “Nós precisamos parar e discutir o que nós entendemos sobre esse termo – vamos dar um sentido real a ele – e o que queremos como sociedade”.

A regulamentação das plataformas também foi citada na discussão desta terça-feira. O especialista em governança digital e professor da FGV, Luca Belli, lembrou do fracasso na aprovação do Projeto de Lei 2630/2020, em abril do ano passado, devido a um lobby massivo por parte das plataformas contra o texto legislativo que cria regras de maior transparência e explicação sobre o funcionamento algorítmico dessas empresas. “A última versão foi por água abaixo pelo intenso lobby das plataformas”, afirmou Belli, que se disse cético sobre a aprovação do projeto neste ano.O evento realizado pela FGV como ser assistido na íntegra, em inglês, no canal oficial da instituição.

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