O Governo de Alagoas lançou neste ano o primeiro Núcleo de Integridade da Informação do Brasil, uma iniciativa pioneira voltada para garantir a transparência e a qualidade das informações públicas.
O projeto tem como objetivo combater a desinformação e fortalecer a confiança da população nos dados oficiais, por meio da qualificação da comunicação governamental e da adoção de boas práticas de integridade informacional.
Coordenado pela Secretaria de Comunicação do estado, o núcleo começa a operar neste mês de abril. Para o secretário estadual de Comunicação, Wendel Palhares, o lançamento representa um marco na luta contra a desinformação no Brasil, consolidando debates que há anos vinham sendo conduzidos por secretários estaduais da área.
A estrutura do núcleo prevê cinco subnúcleos temáticos — democracia, saúde, cidadania, meio ambiente e justiça —, cada um com metodologias próprias e coordenações parceiras.
“Nosso objetivo é integrar teoria e prática, universidade e governo, ciência e comunicação, para construir soluções inovadoras, mensuráveis e replicáveis. Mais do que reagir à desinformação, queremos prevenir, formar e transformar”, afirmou Palhares.
Primeiras ações
A primeira iniciativa do núcleo foi o lançamento do Observatório da Desinformação, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e coordenado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O observatório funcionará como um laboratório de monitoramento e combate à desinformação eleitoral.
Além disso, está em andamento a implantação do subnúcleo de Saúde e Consciência. A ideia é selecionar um município com baixa cobertura vacinal para a realização de um projeto-piloto de educação midiática, dividido em duas etapas:
- Capacitação de agentes públicos, lideranças comunitárias e estudantes, com apoio da universidade;
- Comparação de dados objetivos para avaliar como a formação midiática impacta os índices de vacinação, o volume e o teor das notícias locais, os sentimentos detectados nas redes sociais e a percepção pública sobre o tema.
O objetivo é demonstrar, com evidências concretas, que a educação midiática pode ser uma ferramenta eficaz no combate à desinformação em saúde. “Se esse piloto for bem-sucedido, pode ser replicado em outros contextos — como segurança pública, meio ambiente e direitos humanos”, explicou Palhares.
Atuação colaborativa
O núcleo é resultado de uma articulação com diversas instituições, incluindo o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, o Tribunal Regional Eleitoral, o Tribunal de Justiça e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O projeto também contou com a contribuição da pesquisadora Nina Santos, atualmente Chefe de Assessoria Especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
“Nasce, portanto, de uma confluência de visões e compromissos, num momento em que acreditamos que o papel das secretarias de Comunicação não pode se limitar à divulgação de ações de governo. É legítimo comunicar os feitos da gestão, mas também é essencial garantir que essa comunicação seja clara, empática, baseada em evidências e voltada ao interesse público”, afirmou Wendel Palhares.
Potencial de replicação no Brasil
Segundo o secretário, o núcleo tem a vocação de ser um projeto-piloto nacional. Já há um diálogo em curso com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República e com ministérios como os da Saúde, do Meio Ambiente e da Justiça, para que as práticas validadas em Alagoas possam ser aplicadas em escala nacional.
A integridade da informação é uma pauta levantada pelo governo federal nos últimos anos com respaldo da Organização das Nações Unidas (ONU). A Secom federal, por exemplo, vem lançando projetos sobre o tema, como a aliança para a integridade da informação climática, e conseguiu adicionar o tema na declaração final dos líderes do G20 no ano passado. Em 2023, o Ministério da Saúde também iniciou o programa Saúde com Ciência, com o objetivo de combater a desinformação vacinal.
A proposta busca promover uma articulação entre governo, universidades, instituições do sistema de justiça e a sociedade civil, visando à construção de boas práticas de comunicação pública, baseadas em evidências, formação crítica e compromisso com a integridade da informação, explicou Palhares.