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out 25, 2023 | destaques, notícias

40% dos adolescentes acham que o primeiro resultado de uma busca na internet é o mais confiável

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Entre crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, 95% são usuárias de internet, revelou a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023 apresentada na manhã desta quarta-feira, 25/10, em São Paulo. Em 2015 eram 79%, o que representa um aumento de mais de 20% em oito anos. O celular é o principal dispositivo de acesso, utilizado por 97% destes que se conectam ao ambiente virtual. 

Que as crianças estão cada vez mais conectadas não é surpresa. Mas a pesquisa aponta um uso pouco crítico das redes sociais, ferramentas de busca e aplicativos. Uma seção do relatório aborda aspectos de funcionamento do ambiente digital e qual a percepção que crianças e adolescentes têm de seus mecanismos. O recorte etário desta parte concentrou-se entre aqueles de 11 a 17 anos e tem resultados preocupantes.

Quando perguntados se “concordam que a primeira publicação que vejo nas redes sociais é a última que foi postada por um dos meus contatos?”, 50% acreditam que sim, o que não corresponde à verdade sobre o funcionamento dos algoritmos das principais plataformas sociais. 

Com o mesmo foco de análise, 47% concordam que “todos encontram as mesmas informações quando pesquisam coisas na Internet”, e 40% concordam que o “primeiro resultado de uma pesquisa na Internet é sempre a melhor fonte de informação”. 

Estes dados reforçam a necessidade de transparência por parte das plataformas digitais sobre o funcionamento de seus algoritmos de recomendação, já que praticamente metade da população jovem acredita que eles agem de forma neutra e, mais, igualitariamente para todos os usuários. Também evidencia a urgência de uma política de educação midiática para esta faixa etária. 

Os dados brasileiros sobre o uso da internet por crianças e adolescentes ganham relevância no contexto no qual 42 procuradores-gerais dos Estados Unidos, representando suas respectivas unidades federativas, anunciaram que processaram o grupo Meta (dona do Facebook, Instagram e Whatsapp) por desenhar suas plataformas para serem propositalmente viciantes para crianças.

A pesquisa brasileira revelou ainda que 24% deste segmento realizou seu primeiro acesso à internet antes dos seis anos de idade. Em 2015, esse número era de 11%, apontando que cada vez mais crianças têm contato com o ambiente virtual com menos idade. 

Focando na faixa etária de 9 a 10 anos, nos primeiros anos de recorte da pesquisa, o aumento foi de 38%. Em 2015, 63% das crianças nessa idade usavam a internet, já em 2023 essa porcentagem saltou para 87%.

Sob a perspectiva de classe social, a diferença mais significativa entre as classes AB e DE refere-se aos dispositivos utilizados para o acesso à internet. O aparelho celular segue como o principal meio em ambas as categorias, mas as classes mais ricas se utilizam também de computadores, 71%, enquanto essa porcentagem é de apenas 15% entre os mais pobres. Entre eles, 38% acessam a internet exclusivamente pelo celular. 

Para Luisa Adib, coordenadora da pesquisa, “os usuários das classes A/B acessam a internet de uma maior variedade de lugares, com uma maior qualidade de internet e maior disponibilidade de dados”.

As principais plataformas de uso

Do universo da população analisada, 88% declaram possuir uma conta em alguma plataforma social. Entre 15 a 17 anos, chega-se praticamente à totalidade, com 99%. No segmento mais novo (9 a 10 anos), 68% também é usuário de alguma delas. 

Considerando as plataformas, houve uma mudança com a entrada da análise do Youtube. O Instagram segue como a principal rede para crianças e adolescentes, com 36%, seguido pelo Youtube, com 29%, TikTok, com 27% e, por fim, Facebook, com apenas 2%. Entre a população de 9 a 14 anos, o Youtube é a principal plataforma, enquanto que entre 15 a 17 anos a principal é  o Instagram.

“Em relação à faixa etária, a população mais velha, entre 15 e 17 anos, está presente em maior proporção e em maior variedade de plataformas e os mais novos estão presentes, sobretudo, no Youtube e no Whatsapp”, destaca Luisa Adib.

Metodologia e apoiadores

A pesquisa mede o uso de TIC por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usuárias de Internet. O plano amostral utiliza informações do Censo Demográfico e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) ou da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) mais recente disponível, realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

As entrevistas são realizadas presencialmente, em domicílios em áreas urbanas e rurais. A amostra da pesquisa é estratificada e conglomerada em diversos estágios considerando os domínios de interesse para divulgação de resultados. No relatório de 2023, foram entrevistadas 2.704 crianças e adolescentes e, respectivamente, 2.704 pais ou responsáveis entre março e julho.

A pesquisa conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e de pesquisadores vinculados a universidades brasileiras e estrangeiras. 

O relatório TIC Kids Online Brasil tem como objetivo gerar evidências sobre o uso da Internet por crianças e adolescentes no Brasil. Realizada desde 2012, a pesquisa produz indicadores sobre oportunidades e riscos relacionados à participação online da população de 9 a 17 anos no país. 

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