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A nova ética do WhatsApp: não falar de política nem atacar valores dos outros

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Para evitar conflitos e lidar com um sentimento geral de desgaste e animosidade, foi se consolidando uma “nova ética” para convivência em grupos de WhatsApp, com regras criadas por administradores e normas implícitas que governam como cada usuário participa nesses espaços. De acordo com os dados da pesquisa realizada pelo InternetLab em parceria com a Rede Conhecimento Social,  58% das pessoas dizem  estar se policiando mais em relação ao que fala nos grupos (era 40% em 2020), enquanto 64% evitam compartilhar mensagens que possam atacar valores de outras pessoas (57% em 2020) e 50% dizem evitar falar de política no grupo da família para fugir de brigas (40% em 2020). 

A pesquisa buscou investigar os hábitos, comportamentos e percepções de usuários de aplicativos de mensagens, como eles moldam a disseminação de conteúdo político e eleitoral e, como definem a forma como informações são recebidas por usuários nesses canais. É a continuidade de um estudo iniciado em 2020.

Mas não é apenas o medo dos conflitos e a saturação que motivam a estruturação dessa “nova ética” nos grupos. O conhecimento de termos como “desinformação” e “fake news” é difundido entre os usuários, assim como uma desconfiança prévia com relação a qualquer tipo de informação que se recebe.

Dos entrevistados, 44%  consideram que grupos grandes de WhatsApp em que muitas pessoas não se conhecem têm mais boatos do que grupos pequenos em que pessoas se conhecem. Como consequência, reforçando uma tendência já identificada em 2020, observa-se que usuários buscam interagir cada vez mais só em grupos menores no aplicativo, com pessoas conhecidas e com afinidades. 

Ao mesmo tempo, na medida em que usuários se veem cada vez mais em um ambiente ameaçado pelo que chama de “fake news”, a desconfiança em relação a qualquer conteúdo cresce e vão sendo forjados uma variedade de critérios próprios para verificação e repasse de informações.

Em um processo que envolve fatores como valores individuais, afinidades com crenças, ideias e outros usuários, confiança nos pares, entre outros, as pessoas vão criando suas próprias estratégias de checagem, recorrendo a fontes externas para verificar a autenticidade antes de compartilhar uma informação, mensagem política ou mesmo um link. Essa dinâmica faz com que o WhatsApp se torne um canal de distribuição de informações cuja confiabilidade é construída em outras plataformas ou relações.

Conversas sobre eleições

A pesquisa também perguntou aos entrevistados sobre conteúdos relativos às eleições de 2022. De acordo com os dados da survey (realizada em dezembro de 2021) dois em cada três respondentes afirmaram que naquele momento já tinham recebido diferentes tipos de mensagens sobre a eleição presidencial de 2022. No entanto, o volume de recebimento não se reflete no compartilhamento: 56% das pessoas afirmaram não ter compartilhado nenhum conteúdo sobre o pleito de 2022.

Já em relação à participação em grupos, 14% dos usuários do WhatsApp e 19% do Telegram afirmaram que já estavam participando de grupos de discussão política sobre as eleições de 2022. Apesar dos números não serem tão distintos entre os aplicativos, a forma de ingresso nesses grupos é: no Telegram é predominante uma postura ativa, de busca de grupos ou canais. 

O estudo completo pode ser acessado aqui: https://internetlab.org.br/wp-content/uploads/2022/08/Investigando-os-vetores-de-disseminac%CC%A7a%CC%83o-de-conteu%CC%81do-eleitoral.pdf

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