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abr 20, 2023 | Destaques, Notícias

Cientistas climáticos são alvo de ódio nas redes sociais, aponta pesquisa

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“Nós sabemos que você está mentindo”, recebeu no perfil pessoal do Twitter o professor do departamento de Geografia da College London, Mark Maslin. Autor de ao menos cinco livros e mais de 150 artigos científicos sobre mudanças climáticas, o pesquisador britânico recebe frequentemente mensagens nas redes sociais que desmerecem seu trabalho ou questionam suas descobertas.

Como Maslin, outros pesquisadores que estudam o tema das mudanças climáticas também passam por situações parecidas. De acordo com relatório lançado este mês pela organização internacional Global Witness (disponível em inglês aqui), essa situação é comum e pode colocar em risco tanto o trabalho dos cientistas como também a comunicação dos dados produzidos.

O estudo entrevistou 468 pesquisadores de diversos países e descobriu que metade deles com mais de 10 publicações enfrentam abusos online por conta do seu trabalho de enfrentamento à crise ambiental. A exposição à mídia também é um fator de aumento desses ataques, pois quanto mais visibilidade em veículos e canais da imprensa, maior é a possibilidade de agressões.

Além disso, os ataques a homens e mulheres são diferentes. Enquanto todos tem sua credibilidade ou trabalhados questionados, no caso das mulheres as investidas online também são direcionadas à aparência física. Conforme apresenta o relatório, pesquisadoras são três vezes mais propensas que pesquisadores a receberem ofensas sobre idade, sendo alvo também de ameaças de violência sexual e ataques físicos.

A Dra. Helene Muri, pesquisadora sênior da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, conta que já recebeu comentários machistas, sugerindo que ela deixe o trabalho de pesquisa para homens, e agressões com promessa de violência física. “Tem havido incidentes tanto pelas redes sociais, comentário em artigos e por e-mail, mas também são telefonemas direcionados a mim e a minha família”, conta Muri.

Os efeitos dos ataques são vários. 51% dos entrevistados, por exemplo, relataram ansiedade causada pelo abuso. Preocupação com danos à reputação profissional e a à segurança pessoal também foram relatados. Mais de um quinto desenvolve medo do trabalho e quase metade diz que houve perda de produtividade. Vale lembrar que muitos dos trabalhos realizados são utilizados pela sociedade civil e pelos governos para implementação de políticas públicas.

Twitter e Facebook no centro dos ataques

O relatório da Global Witness aponta que as ofensas surgem de diversos canais online, como blog, e-mails e caixas de comentários em sites. Apesar disso, as redes sociais lideram o número de casos, sendo um ambiente central para esse tipo de ataque aos cientistas. Para os cientistas entrevistados que disseram ter sofrido abuso, o Twitter (44%) foi a plataforma mais citada em que o abuso ocorreu, seguido pelo Facebook (31%).

Como sugestão para mitigar os casos ofensivos, a organização sugere que as plataformas levem a moderação de conteúdo a sério, com o intuito de remover rapidamente ataques e desinformação climática. “Em vez de permitir um ambiente prejudicial, eles devem ser mais rápidos para agir sobre o conteúdo que viola claramente suas políticas e realizar avaliações de impacto de direitos humanos de seus processos”, trouxe o relatório.

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