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nov 8, 2022 | Destaques, Notícias

COP 27 começa marcada por bloqueios e repressão aos direitos humanos

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Desde o último domingo (6) o Egito recebe representantes de 196 países para a 27ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 27. Os signatários do Acordo de Paris se reúnem anualmente em busca de soluções para frear os impactos das mudanças climáticas que seguem aceleradas. Em discurso de abertura, o secretário-geral da ONU, António Guterrez disse que “rumamos ao inferno climático com o pé no acelerador”. Além dos alertas sobre o meio ambiente, a segunda-feira (7) foi marcada por denúncias contra a censura no Egito e repressão a organizações de direitos humanos.

Participantes da COP 27 relataram que a conexão à internet do evento proíbe o acesso a diversos sites, incluindo sites noticiosos e sites de organizações de direitos humanos. O exemplo mais emblemático é que a organização Human Rights Watch não pode ser acessada, sendo que ela irá, de acordo com o jornal The Guardian, liderar um painel no evento. 

Outros sites como Al Jazeera e a única agência de notícias independente do Egito, Mada Masr, também não estão disponíveis. Esse banimento vem desde 2017, segundo a Reuters. Na época, o governo egípcio bloqueou outros 19 sites. A ativista palestina Marwa Fatafta também publicou no Twitter que esses bloqueios não são uma exclusividade para a COP 27, os sites já estão bloqueados há anos.

“O ataque contínuo do Egito à liberdade de expressão, acesso à informação e liberdade de imprensa não deve ser tolerado. Os governos não podem fingir se envolver em negociações sobre justiça climática enquanto violações de direitos humanos são cometidas debaixo de seus narizes”, publicou no Twitter.

O The Guardian resgatou um levantamento feito em 2020 pela Rede Árabe de Informações sobre Direitos Humanos e Mada Masr, em que apontava 628 sites bloqueados no Egito, incluindo 116 sites de notícias, 15 que tratam de questões de direitos humanos, e  27 sites de crítica política. 349 sites em que os usuários poderiam baixar VPNs e driblar a proibição também estão bloqueados.

No Twitter, a ativista Alexandria Villaseñor destacou que nem o site da organização que ela lidera, a Earth Uprising, pode ser acessado, pois está vinculado ao Medium, também bloqueado. A jovem disse: “Não há ação climática sem verdade e informação”. De acordo com o diretor de meio ambiente da HRW, Richard Pearshouse, há pelo menos 700 sites bloqueados.

Ao The Guardian, Pearshouse salientou que “isso restringe severamente o acesso a informações que precisam ser discutidas, incluindo questões ambientais e de direitos humanos”. O diretor enfatizou: “A ação climática eficaz requer mais pessoas expressando opiniões, não menos”.

O Relatório Global de Expressão da organização Artigo 19 lançado neste ano mostra que em 10 anos o país caiu 14 pontos no índice de liberdade de expressão e o cenário que já era de liberdade de expressão “altamente restrita” passou para a categoria “em crise”, a pior no relatório. O país atualmente está na posição 142 de 161 países, na frente apenas de países como Coreia do Norte, Nicarágua, China, Bielorrússia, Cuba e Arábia Saudita.

“Com milhares de ativistas e críticos já atrás das grades, o regime aumentou o uso de tribunais abusivos de ‘emergência’ para prender mais, muitas vezes sob o pretexto de preocupações com a segurança nacional”, detalhou o relatório. Tal apontamento é visto também na COP 27, onde pelo menos 100 já foram detidas. De acordo com o The Wall Street Journal, as pessoas tinham conexão com manifestações planejadas para a cúpula do clima COP 27. A preocupação seria de que os protestos se transformem em uma demonstração mais ampla de dissidência contra o presidente Abdel Fattah Al Sisi.

“A COP27 trata da crise climática e seu impacto nos direitos humanos. Mas seu país anfitrião, o Egito, criou uma das piores crises de direitos humanos do país em décadas”, pontuou a Human Rights Watch.

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