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nov 3, 2021 | destaques, notícias

Desinformação é desafio central nos debates da COP 26

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Os impactos da desinformação ambiental sobre a emergência climática ainda não foram totalmente medidos, mas podemos juntar, cada vez mais, evidências sobre este problema que implica, em última análise, a sobrevivência do Planeta.

A COP 26, aberta em 31 de outubro, em Glasgow, na Escócia, reuniu líderes mundiais para tentar reverter a situação dramática em que já nos encontramos. Na última COP, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)  apontou a necessidade de tomar medidas mais duras para limitar o aquecimento a 1,5 °C e garantir uma sociedade mais sustentável e equitativa. Porém, nesse mais de um ano, as metas parecem estarem mais longe de serem alcançadas.

Apesar de ter a segunda maior delegação , o presidente brasileiro não foi confirmado no evento, mesmo estando na Europa e o país foi representado pelo Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, além dos ministros Bento Albuquerque, de Minas e Energia, Fábio Faria, das Comunicações e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

Segundo o Observatório do Clima, uma coalizão de organizações da sociedade civil dedicada a discutir mudanças climáticas, a delegação brasileira levou um kit de maquiagem verde para esconder a falta de ações para conter o desmatamento e vender uma imagem que não existe. Na última COP, em Madri, o país deixou má impressão. Os dados atuais mostram que o Brasil foi o país do G20 que mais piorou a sua meta de corte de emissões dos gases responsáveis pelo aquecimento global.

Sociedade civil e povos originários se movimentam

Enquanto o presidente brasileiro enviou um vídeo dizendo que o Brasil era parte das solução para o clima e “não era parte do problema”,  a jovem líder indígena Txai Suruí discursava na abertura oficial da COP 26 denunciando o assassinato do amigo, professor e guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que atuava contra extrações ilegais de madeira dentro do território indígena. 

 Além da omissão do governo em protegê-los, os povos originários foram duramente impactados pela pandemia do Covid-19, onde as campanhas de desinformação também chegaram pelos aplicativos de mensagens, como informa a agência Amazônia Real.  

A tese do marco temporal, em votação no Supremo Tribunal Federal (STF) impacta todos os processos de demarcação de terras indígenas atualmente em aberto no país. Este contexto refletiu na participação dos indígenas nesta COP, que bateu um recorde  com mais de 40 representantes dos povos originários presentes em Glasgow. 


Medidas contra desinformação ambiental

 

Ainda que de maneira tímida, providências contra a desinformação ambiental estão sendo tomadas por parte das plataformas. O Google adotou medidas proibindo a remuneração de anúncios de conteúdo que contradigam o consenso científico estabelecido sobre a existência e as causas das mudanças climáticas. Assim, conteúdos lidando com a negação da mudança climática não serão monetizados tanto no YouTube quanto no Google Ads.

Da mesma forma, uma ferramenta chamada Eco-Bot.Net foi criada com o objetivo de combater ações de greenwashing (falsa impressão ou informações enganosas sobre como os produtos de uma empresa são mais ecologicamente corretos) e ataques massivos de disseminação de desinformação ambiental. 

O Eco-Bot.Net vasculha em busca de greenwashing no Twitter, Instagram e Facebook e busca palavras e frases que possam se enquadrar nessa categoria. Além disso, a ferramenta busca conteúdo publicado por atores conhecidos como entidades ou organizações de desinformação. A plataforma promete ser um recurso para repórteres durante a COP 26.

Apesar de iniciais, essas medidas colocam em foco um problema que vem ganhando força nos últimos anos com políticos negacionistas das mudanças climáticas. Espera-se que após essa COP, o problema da desinformação seja contemplado de maneira mais incisiva nas discussões da conferência. 

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