Mirando as eleições de meio de mandato norte-americanas, marcadas para o dia 8 de novembro, o TikTok anunciou na última quarta-feira (21) atualizações nas diretrizes sobre perfis políticos. A medida vale para todos os usuários da plataforma globalmente.
A partir de agora, contas de governos, políticos e partidos terão os recursos de publicidade automaticamente desativados, impossibilitando-as de impulsionar conteúdos pagos dentro da plataforma. Essas contas também estarão proibidas de acessar ferramentas de monetização, como moedas e bonificações.
Desde 2019, o TikTok proíbe a realização geral de anúncios pagos com teor político, conforme é descrito na política de monetização e publicidade da plataforma. A medida anunciada recentemente, na prática, é um endurecimento com os perfis políticos, os quais não terão sequer acesso às funcionalidades de publicidade disponíveis para os usuários gerais dessa rede social.
Como explica Djiovanni Marioto, doutorando em Ciência Política e pesquisador em Internet e política na Universidade Federal do Paraná (UFPR), essas medidas visam manter a proposta inicial da empresa chinesa, criada para ser uma plataforma apenas de entretenimento e diversão, distanciando-se das discussões políticas como ocorrem em outras redes sociais, a exemplo do Twitter.
Essas medidas vêm no momento em que a plataforma – conhecida pelos vídeos engraçados, tendências e coreografias – começa a ser desbravada por políticos nacionais e internacionais, angariando milhões de seguidores e números de visualizações próximos a de grandes influenciadores verificados.
Um exemplo são as contas oficiais dos candidatos à presidência da república, Luís Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL), que já somam, respectivamente, 1,5 e 2,7 milhões de seguidores até o fechamento desta reportagem.
Com esses números, ainda de acordo com Marioto, as atualizações impostas pelo TikTok buscam impedir que esses candidatos e partidos consigam outras fontes de recursos financeiros, dificultando também a difusão dos conteúdos políticos para fora das bolhas, como acontece no Facebook e Instagram.
“Quando você faz essas publicações pagas dentro de outras redes sociais, você consegue furar determinadas bolhas e atingir uma maior quantidade de pessoas”, comenta o pesquisador.
De acordo com a empresa, a medida possui apenas uma exceção: campanhas governamentais pontuais e temporárias, como campanhas de vacinação. Mesmo assim, é necessário que um representante do TikTok acompanhe o desenvolvimento das iniciativas.
Nas próximas semanas, também está prevista a proibição da solicitação de arrecadação de fundos para campanhas pelos perfis políticos, como vídeos pedindo doações ou direcionamento de links para financiamentos coletivos. Uma vez identificados, esses conteúdos serão removidos.
Em resposta ao *desinformante, o TikTok afirmou que essas medidas dão sequência às etapas já implantadas que visam manter a plataforma segura, inclusive contra desinformação. “Acreditamos que essas mudanças mais recentes ajudarão a garantir que o TikTok continue sendo uma experiência divertida, positiva e alegre”, pontou a empresa.
TikTok e eleições brasileiras
Uma semana após os anúncios de que, com exceção do Twitter, as redes sociais não conseguem identificar conteúdos antidemocráticos e que há desinformação circulando livremente pelo TikTok, a empresa chinesa lançou publicamente um apanhado das iniciativas que está desenvolvendo para ajudar a manter a integridade eleitoral brasileira.
Um dos destaques dados pela plataforma foi a página lançada em conjunto com Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de combater a desinformação e informar os usuários sobre o processo eleitoral, como horários do pleito, links e cargos a serem votados no dia da eleição.
Além disso, a empresa pontuou o início de uma nova parceria com a agência de notícias Reuters para verificar informações enganosas nos vídeos publicados pela comunidade, ampliando o leque de colaborações do TikTok com agências de notícias e de checagem de fatos.