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Victor Moriyama/Amazônia em Chamas

ago 9, 2022 | Destaques, Notícias

Pauta ambiental some na mídia local da Amazônia

Victor Moriyama/Amazônia em Chamas
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A desinformação ambiental, que hoje ocupa posição protagonista na propaganda política conservadora no Brasil, encontra terreno fértil nos chamados “desertos de notícia” espalhados pelo país, frequentemente localizados em áreas onde temáticas ligadas ao meio ambiente são altamente sensíveis para a vida política, social e cultural.

Na Amazônia Legal, práticas predatórias de (des) informação são inquestionavelmente aceitas e acabam convertendo os veículos jornalísticos em plataformas de propaganda dos interesses econômicos e políticos.

É o que aponta o projeto “Ecologia da Mídia Regional na Amazônia Legal”, desenvolvido pelo Netlab, que mapeou e analisou a cobertura socioambiental da mídia local nos nove estados da Amazônia Legal. A pesquisa analisou 816 veículos jornalísticos de mídia online sediados na região, estudando, para cada um deles, sua relação com o local e afiliação a redes de mídia; a sua cobertura socioambiental (ou ausência dela); sua aderência a práticas que conferem credibilidade ao jornalismo e a sua posição na economia política da região.

De acordo com o levantamento, 25% dos veículos analisados não tratam da temática dos povos indígenas e 95% reproduzem o conteúdo de assessorias de imprensa e governos. O agronegócio ocupa um lugar privilegiado na cobertura dos jornais e sites, enquanto a maioria não tem uma seção específica para a pauta socioambiental.  “O agronegócio tem um poder institucionalizado, é o progresso e a geração de riquezas em contraponto à responsabilidade socioambiental”, afirma Heloísa Traiano, coordenadora de pesquisa do NetLab.

Entre outros achados do projeto, está o fato de a maioria dos veículos de mídia na região operar em nível estadual das capitais, com alcance restrito ou inexistente sobre os desertos de notícias, aquelas cidades menores onde não há veículos jornalísticos.

As pesquisadoras também tiveram dificuldade em identificar os proprietários de mais da metade dos veículos e toda a mídia analisada continha anúncios de instituições governamentais.

“É um contexto favorável à desinformação porque o conteúdo aparenta neutralidade, mas é guiado por interesses de grupos econômicos e políticos”, completa Traiano.

 

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