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Rodnae do Pexels

jan 21, 2022 | destaques, notícias

WhatsApp testa mecanismo para aumentar alcance das mensagens

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“Olha, eu espero muito que ela não entre em vigor”. A declaração é do professor de Gestão de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, a respeito da nova funcionalidade em estudo pelo WhatsApp. Desde o fim do ano passado especula-se a criação de um mecanismo no aplicativo de mensagens instantâneas nomeado atualmente de “comunidade” que, se colocado em atividade, vai aumentar o alcance do conteúdo compartilhado nos grupos. 

Em novembro de 2021, o site independente especializado em atualizações do WhatsApp, WeBetaInfo, divulgou que a empresa estava trabalhando na construção de um novo feature no app. Essa comunidade seria uma alternativa para um administrador de grupos junta-los em um mesmo espaço, aumentando assim o alcance dos conteúdos que atualmente são limitados a 256 membros.

No dia 8 de dezembro, o WeBetaInfo trouxe mais novidades de como funcionaria esse mecanismo. Na atualização que o WhatsApp estaria rodando era possível ter referências sobre as comunidades. “As pessoas que participam de uma comunidade podem ver o conteúdo de todos os grupos vinculados, mas quando um grupo é desvinculado da comunidade, ele não estará mais disponível. Além disso, quando as pessoas saem da comunidade elas não podem mais ver esses grupos vinculados”, explica o site.

Já no dia seguinte, 9 de dezembro, essa função foi apresentada a seis representantes brasileiros de diferentes áreas, assim como noticiou o jornal O Globo. O *desinformante também teve acesso ao conteúdo dessa reunião realizada via videoconferência por uma consultoria contratada pela plataforma de mensageria instantânea. De acordo com a fonte, o modelo de “comunidade” se aproximaria dos canais do Telegram, aumentando o alcance dos conteúdos.

Nesta reunião não houve, no entanto, a indicação de qual seria o limite de pessoas dentro dessas comunidades. Porém, de acordo com prints mais recentes divulgados pelo WeBetaInfo, o administrador da comunidade seria capaz de anexar até dez grupos. Caso esse seja o limite, um espaço que hoje é limitado – tanto em grupos como em listas de transmissão – a 256 pessoas, alcançaria até 2.560 usuários.

Para Pablo Ortellado, a atualização é preocupante. O pesquisador destaca que um dos maiores problemas da disseminação de desinformação via WhatsApp nas eleições de 2018 foi, mais que os disparos contratados em massa, a disseminação e viralização de mensagens em grupos, o que caracteriza uma comunicação massiva com crescimento exponencial.

“A gente realmente tem, no caso do WhatsApp, o pior dos dois mundos. A gente tem comunicação de massa, sem a regulação da comunicação de massa, acontecendo de uma maneira subterrânea e com endosso do carregador que tem vínculos afetivos com quem está recebendo a mensagem. Eu realmente acho que é um problema mais grave até do que no Telegram”, avalia Pablo Ortellado.

A mudança, para o professor, também está atrelada a uma questão comercial. “Com toda a certeza o WhatsApp está respondendo ao sucesso do Telegram incluindo uma funcionalidade do competidor. É um pouco como o Instagram, outra empresa do grupo, já fez. Incorporando funcionalidades concorrentes para melhorar o serviço”.

Esta possível nova função acende ainda mais o alerta de pesquisadores porque o WhatsApp está em 99% dos celulares brasileiros (Panorama mobile Time/Opinion Box). Além disso, o app ainda é beneficiado em pacotes de operadoras com zero rating, em que o usuário não usa a franquia de dados para utilizá-lo. 

Além disso, Ortellado avalia que não existem mecanismos para enfrentar a eventual avalanche de desinformação em massa, caso o aplicativo implemente a funcionalidade. O pesquisador refere-se à legislação, especialmente o PL 2630/2020, conhecido como PL das fake news. “Não vejo o projeto, nessa versão, contribuindo para isso. No que diz respeito à mensageria privada aquele texto e nada dá na mesma”, aponta. 

Em resposta ao *desinformante, o WhatsApp destacou que constantemente realiza testes e pesquisas com seus usuários, especialistas em tecnologia e acadêmicos para considerar as funcionalidades, que podem ou não ser introduzidas no aplicativo. “Embora o WhatsApp não comente sobre recursos futuros, seu foco permanece em mensagens privadas entre as comunidades que as pessoas têm em suas vidas diárias e não em transmissões por mídias sociais. Ainda acreditamos em manter limites sensíveis na plataforma e o feedback do Brasil estará sempre entre as prioridades”, pontuou Dario Durigan, Head de Políticas Públicas para o WhatsApp na Meta Brasil.

O aplicativo ainda deu ênfase às ações realizadas para o combate à desinformação no Brasil, como restrição de compartilhamento e mecanismos para verificar informações, e reforçou a proibição de disparos em massa no app. “No Brasil e ao redor do mundo, a empresa trabalha de forma próxima com organizações de checagem de fatos, especialistas da sociedade civil e autoridades eleitorais para combater e reduzir o compartilhamento de desinformação, e apoiar a integridade de processos eleitorais”, apontou Durigan.

 

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