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Depois de ataques à imprensa, governo da Venezuela pede boicote ao WhatsApp

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, culpou as redes sociais da Meta e o TikTok pela violência e diversos protestos que têm eclodido em todo o país e pediu boicote ao WhatsApp. Organizações internacionais denunciam a vigilância digital e a repressão à liberdade de expressão por parte do governo venezuelano.

Supostamente reeleito para um terceiro mandato em um processo que está sendo questionado em várias partes do mundo, Maduro tem sido alvo de protestos da oposição enquanto os registros oficiais de votação não são apresentados.

Em vídeo publicado na rede social X (ex-Twitter), ele acusa as plataformas de não regularem o conteúdo compartilhado pelos usuários.

“Acuso o TikTok e acuso o Instagram de sua responsabilidade na instalação de ódio, para dividir os venezuelanos, para buscar uma matança e uma divisão da Venezuela. Para trazer o fascismo à Venezuela. Golpe de Estado ciberfacista e criminal.”

Maduro também disse que o WhatsApp está sendo usado para ameaçar o país. Ele chegou a comentar que vai desinstalar o aplicativo de mensagens para usar o Telegram e o WeChat da China.

“Eu vou romper as relações com o WhatsApp porque ele está sendo usado para ameaçar a Venezuela. Eu vou deletar o WhatsApp do meu telefone para sempre. Pouco a pouco, vou passando meus contatos para o Telegram e para o WeChat.”

Além disso, ele também orientou a população da Venezuela a abandonar o WhatsApp, uma vez que “ameaças” estão sendo enviadas de telefones baseados em países como Estados Unidos, Colômbia, Peru e Chile.

Por isso a campanha de assédio cibernético nas contas do WhatsApp, nas ligações, nas mensagens, nada de novo que não tenhamos visto nos outros filmes.

Organizações internacionais pedem fim da vigilância digital

A sociedade civil organizada reagiu às ameaças e publicou uma carta aberta contra a vigilância digital do regime e pela liberdade nas redes. Mais de 40 organizações internacionais denunciaram ações de vigilância e repressão por parte do governo venezuelano, como violência policial, bloqueio de sites e até cancelamento de passaporte de ativistas dos direitos humanos.

Segundo a ONG venezuelana Conexión Segura y Libre, durante a campanha eleitoral foram registrados pelo menos 12 novos casos de bloqueios contra meios de comunicação, organizações de direitos humanos e uma VPN, sem contar os bloqueios ocorridos após as eleições.

No domingo da votação, o Ipys (Instituto de Imprensa e Sociedade) registrou ao menos 41 violações à liberdade de imprensa na Venezuela, incluindo uma detenção, uma deportação e 12 agressões físicas e verbais. Já o SNTP (Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa) contabilizou, do domingo até a última terça-feira (30), a prisão de seis jornalistas e 39 ataques a profissionais de imprensa vindos de corpos policiais e grupos armados ligados ao regime.

A carta aberta pede que o governo venezuelano e todas as autoridades estatais deixem de usar e abusar de tecnologias para monitorizar, reprimir, assediar e perseguir a dissidência política na Venezuela e de restringir o acesso à informação e à liberdade de associação de expressão e de reunião pacífica.

“A repressão na Venezuela reflete estratégias observadas na Nicarágua e em Cuba, e pode prefigurar o que poderá acontecer a muitas outras sociedades, dada a proliferação da tecnologia utilizada para controlar cidadãos, migrantes e populações minoritárias, bem como o aumento exponencial do autoritarismo”, alertou a coalizão. 

De acordo com o relatório “Global Expression” de 2024, produzido pela Artigo 19, a Venezuela está em crise acentuada de liberdade de expressão. No ranking de liberdade de expressão na América, o país se encontra na antepenúltima colocação, na frente apenas de Cuba e Nicarágua.

Desinformação pós-eleições

Em meio a escalada de tensão e violência na Venezuela, desinformações sobre o pós-eleições também estão rodando as redes sociais, inflamando ainda mais as alegações e argumentos tanto do governo como da oposição. Um vídeo publicado no Facebook e checado pela organização venezuelana Cotejo, por exemplo, trazia a narrativa falsa de que aviões do exército norte-americano tinham pousado no país no dia da realização do pleito.

Além disso, na noite do dia 28 de julho, circulou na mesma rede uma publicação alegando que um grupo de jovens milicianos tinha roubado urnas ou cofres com votos de um centro eleitoral em Punta Cardón, estado de Falcón. “Em outras partes da Venezuela aconteceu a mesma coisa, mas havia indivíduos encapuzados e armados intimidando as pessoas”, trazia a postagem checada pela organização.

O país já sofria com desinformação e bloqueio de acesso a informações para jornalistas antes mesmo da realização das eleições. Em uma live promovida pelo Observatório Venezuelano de Fake News e pelo Cotejo uma semana antes do pleito, jornalistas do país afirmaram que as eleições estavam sendo marcadas por restrições de informações tanto por parte da base governista como da oposição.

“Temos nos apoiado em diversas contas de ONGs ou meios de comunicação aliados, tentando encontrar qualquer informação que ocorra no dia para apresentar um resumo aos nossos seguidores”, disse Andrea González, do portal Runrunes.

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