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abr 20, 2023 | destaques, notícias

Em silêncio, Twitter remove proteção a usuários transgêneros

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No início de abril, o Twitter alterou silenciosamente sua política contra conteúdo de ódio, removendo, pela primeira vez, as proteções estabelecidas desde 2018 para conter ataques online a usuários transgêneros. A medida vem num momento em que pesquisadores apontam crescimento de discursos odiosos e ataques a populações historicamente oprimidas.

Como mostrou a Glaad, a Aliança Gay e Lésbica Contra Difamação, desde o dia 8 de abril a plataforma excluiu a frase que condenava o uso incorreto de gênero e do nome de nascimento de pessoas transgêneras da seção que proíbe ataques de calúnia e desumanização de usuários.

A empresa manteve no texto a proibição de ataques com base em orientação sexual, gênero e identidade de gênero. Mesmo assim, a retirada da frase sobre uso de pronome e nome de nascimento foi feita sem nenhum posicionamento público, logo após a promessa de “uma nova era de transparência”, o que gerou desconfiança por parte da comunidade LGBTQIAP+.

A diretora executiva da Glaad, Sarah Kate Ellis, afirmou que a ação é o exemplo de como o Twitter é inseguro para pessoas e anunciantes trans, distanciando-se cada vez mais das grandes empresas, como TikTok e Meta, que possuem resguardos de proteção específicos à comunidade transgênera nas suas diretrizes de comunidade.

“Essa decisão de reverter a segurança LGBTQ coloca o Twitter ainda mais fora de sintonia com TikTok, Pinterest e Meta, que mantêm políticas semelhantes para proteger seus usuários transgêneros em um momento em que a retórica anti-transgênero online está levando à discriminação e violência no mundo real”, disse Sarah.

Janaína Lima, coordenadora da Diversidade Sexual e de Gênero da Secretaria das Mulheres, da Juventude, da igualdade Racial e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Norte, comenta que medidas como a do Twitter são preocupantes no cenário brasileiro, pois estão diretamente relacionadas aos ataques transfóbicos na política e no cotidiano.

“Concretamente o discurso de ódio e a promoção dessas violações dos direitos humanos, que também acontecem em espaços midiáticos, acabam tendo maior abertura através de medidas como essas que retiram a segurança mínima para a população transsexual e travesti”, disse a gestora pública.

Ela lembra também que isso está ligado ao momento atual de aprofundamento do conservadorismo e da transfobia, o que levanta a importância da discussão de uma “regulação das plataformas no que se refere a proteção dos direitos das populações que se encontram em vulnerabilidade socioeconômica, como é o caso da população transsexual e travesti”.

No Brasil, a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) também se posicionou contra a decisão do Twitter. “Os impactos dessa mudança no país que mais assassina pessoas trans do mundo pode ter consequências devastadoras”, trouxe em comunicado.

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