Um novo relatório publicado pela União Europeia como parte do Código de Conduta contra Desinformação mostrou que o Twitter (ou X) e o Facebook são as redes sociais com mais conteúdos desinformativos.
O estudo, desenvolvido pela empresa TrustLab, identificou que as duas plataformas possuem a maior taxa de fontes de desinformação em relação ao número de usuários utilizados como amostragem. O Twitter deixou de ser signatário do Código em maio deste ano e não entregou à União Europeia, em julho passado, o relatório com os esforços desenvolvidos para conter desinformação no primeiro semestre de 2023, como fizeram Meta, Google, Microsoft e TikTok.
Na semana passada, a comissária europeia Věra Jourová chegou a criticar a rede social de micromensagens e o seu dono, Elon Musk, como noticiou o jornal britânico The Guardian. Ao periódico, Jourová afirmou que Musk sabe que não está isento ao abandonar o código de boas práticas. “Existem obrigações sob a lei rígida. Portanto, minha mensagem para o Twitter/X é que você deve obedecer. Estaremos observando o que você faz”, afirmou.
O Twitter foi considerado pela UE como uma das 17 plataformas online de grandes proporções (ou VLOPS, na sigla em inglês), que possuem mais de 45 milhões de usuários ativos no bloco econômico. Com isso, a rede tem que se adequar às novas obrigações previstas no DSA, como desenvolvimento e publicação de relatórios de transparência com informações detalhadas sobre moderação de conteúdo e a presença de conteúdos ilegais.
Enquanto isso, o Youtube foi considerado pelo estudo da TrustLab como o ambiente digital com menos conteúdos e fontes desinformativas. Ao todo, foram analisadas 6.115 postagens e 4.460 contas de seis principais plataformas(Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok, Twitter e YouTube) em três Estados-membros da União Europeia: Polônia, Eslováquia e Espanha.
Plataformas entregam relatórios com esforços para conter desinformação
Além do estudo da empresa independente, uma nova leva de relatórios desenvolvidos pelas plataformas digitais foram entregues à UE como parte das ações do Código de Conduta contra Desinformação. Nos documentos, plataformas como Meta, Google e TikTok detalham as medidas adotadas para conter conteúdos e perfis desinformativos no primeiro semestre de 2023.
Ações de interrupções de campanhas desinformativas, rotulagem de informações e bloqueio de contas maliciosas foram alguns dos dados compartilhados pelas empresas. O Google, por exemplo, anunciou que conseguiu evitar que mais de 31 milhões de euros fossem gastos em publicidade com conteúdos desinformativos. A corporação também informou ter rejeitado mais de 141 mil anúncios políticos por terem falhas no processo de verificação de identidade.
A Meta informou que mais de 40 milhões de conteúdos receberam o rótulo de verificação de fatos no Facebook. O TikTok, por sua vez, disse que removeu mais de 140 mil vídeos por violação de políticas de desinformação e que está implementando medidas para a segurança dos usuários, conforme orienta o DSA. Já o LinkedIn, sob a administração da Microsoft, relatou que 6,7 milhões de contas falsas foram bloqueadas na UE durante o primeiro semestre de 2023.
A Comissão Europeia afirmou em comunicado que os relatórios de julho mostraram dados “mais estáveis” na luta contra a desinformação em relação aos primeiros documentos enviados em fevereiro passado, mas ainda há muito o que ser aperfeiçoado. “As plataformas geralmente fizeram melhorias no fornecimento de dados mais granulares, preenchendo algumas lacunas identificadas nos relatórios basilares de fevereiro de 2023. Ao mesmo tempo, são necessários mais esforços para fornecer dados mais direcionados, completos e significativos”, pontuou a comissão.
A expectativa da Comissão Europeia é que os relatórios previstos no Código de Conduta contra Desinformação – que conta com 44 compromissos e 128 medidas específicas – se tornem medidas mais efetivas de mitigação de impactos e danos quando o DSA estiver plenamente em vigor.