Muito tem se falado do fenômeno de polarização política, especialmente no Brasil. O que tem sido menos comentado é como esse fenômeno está relacionado com aquele de polarização informativa. Diversas pesquisas apontam que o posicionamento político dos cidadãos tem se tornado um dos principais elementos definidores do tipo de informação que os mesmos consomem.
No ambiente digital, onde há inúmeras possibilidades de escolha informativa, cada pessoa vai montando a sua cesta informativa de acordo com o que busca, mas especialmente de acordo com o que lhe é direcionado por algoritmos ou por seus círculos de proximidade. O que tem sido notado é que as escolhas políticas pesam cada vez mais na composição dessa cesta. Isso faz com que pessoas e grupos com posicionamentos políticos diferentes escolham se informar por fontes de informação diferentes, criando uma certa fratura na produção de um conhecimento comum sobre a sociedade.
Isso não significa, no entanto, que as pessoas achem, conscientemente, que as mídias só devam ter conteúdos que lhes agradem, pelo contrário. De acordo com o Digital News Report 2021, a maior parte das pessoas acha que as mídias devem refletir vários pontos de vista, ao invés de defender apenas o que elas acreditam. Segundo esta mesma pesquisa, a visão das mídias como neutras continua sendo bastante valorizada.
Exemplo marcante
Um estudo mostrou como o tipo de fontes de informação varia entre usuários do Twitter que postaram mensagens de apoio a Bolsonaro (com a hashtag #Bolsonarotemrazão) e aqueles que postaram mensagens discordando do presidente (com a hashtag #OBrasilprecisapararBolsonaro).
No corpus de tweets da hashtag de apoio a Bolsonaro, a mídia alternativa é de longe a mais citada como link nas mensagens postadas. Ela representa 79% dos links, enquanto a mídia tradicional tem em torno de 10%.
Já nas mensagens com a hashtag de críticas a Bolsonaro, são encontrados resultados muito diferentes. A mídia tradicional é a que mais aparece, representando 48% dos links, enquanto a mídia alternativa fica com menos da metade disso (22,6%).
Links dos tweets – #Bolsonarotemrazão
Links dos tweets – #OBrasilprecisapararBolsonaro