A Rede Europeia de Padrões de Verificação de Fatos (European Fact-Checking Standards Network) divulgou um levantamento sobre como as plataformas digitais estão implementando os compromissos que assumiram ao assinarem o Código de Conduta da União Europeia sobre Desinformação, um acordo voluntário de 2022 que está previsto para se tornar um Código de Conduta da Lei de Serviços Digitais da UE.
O Código assinado pelas grandes empresas, como Google, Meta e TikTok, inclui um capítulo específico sobre verificação de fatos, em que as plataformas se comprometeram a celebrar acordos com checadores de fatos independentes que cobrisse os Estados-Membros da UE e suas línguas oficiais, a integrarem a verificação nos seus serviços para beneficiar seus usuários e a fornecerem aos checadores acesso aos dados que necessitam para o combate à desinformação.
Os três compromissos foram mapeados e, um ano e meio após o acordo, quase nenhuma plataforma teve um progresso satisfatório nesses quesitos:
A partir de dados públicos dos últimos relatórios semestrais do DSA e do Código de Prática dessas empresas, a rede de verificadores produziu uma avaliação de cada uma das plataformas e destacou algumas das falhas e omissões aos compromissos estabelecidos. O YouTube, por exemplo, ao detalhar quais parcerias teria realizado com checadores de fatos da União Europeia, elencou organizações que estão localizadas no Mianmar, na Indonésia ou no Brasil.
“Nenhum verificador de fatos europeu relatou ter esse tipo de acordo com o YouTube. Posteriormente, o YouTube não conseguiu produzir qualquer relatório significativo sobre o impacto, a natureza, a cobertura ou a eficácia de um programa de verificação de fatos que não existe”, cravou o relatório.
Já o Google, a Rede Europeia de Padrões de Verificação de Fatos alerta, não está cumprindo o acordo de “fornecer contribuições financeiras justas às organizações europeias independentes de verificação de factos para o seu trabalho de combate à desinformação”. Isso porque, de acordo com o relatório, a checagem no serviço do Google depende totalmente das contribuições não remuneradas de organizações de verificação de fatos para o ClaimReview.
A rede de verificadores destaca que o TikTok falha na cobertura das verificações, porque não tem acordo com organizações em 19 dos 27 países membros da União Europeia. “Mesmo em países que supostamente estão cobertos, como a República Checa ou a Eslováquia, o TikTok admite que menos de 15 vídeos foram verificados durante o período de seis meses do relatório. Na Polónia, onde o TikTok tinha 10 milhões de usuários e com uma eleição crucial à porta, 18 vídeos foram verificados”, coloca o relatório.
O Facebook foi a plataforma mais bem avaliada da pesquisa, mas a rede destaca que é necessário que sejam disponibilizados mais dados específicos de cada país para que seja possível avaliar a profundidade da cobertura. Já o Instagram – também plataforma da Meta -, mesmo contando com as mesmas verificações do Facebook, mostra menos rótulos de checagem. Em relação ao WhatsApp, foi relatado que o app fez parcerias com menos organizações em menos países do que no período do relatório anterior.
O relatório também apontou falhas sobre o mecanismo de busca Bind, que não mostrou nenhuma verificação de factos na primeira página de resultados em 15 países diferentes durante o período de seis meses, e sobre o LinkedIn que está usando ferramentas de tradução automática para moderar conteúdo desinformativo, de acordo com a rede de verificadores, já que o seu único parceiro de verificação de fatos não funciona em 75% das línguas oficiais da UE.
As duas plataformas que não tiveram nem progresso nem informações nos três critérios estabelecidos foram o X (ex-Twitter) e o Telegram, que não assinam o Código de Conduta, mas mesmo assim foram incluídos na análise. A rede comprada pelo bilionário Elon Musk ficou em último lugar na pesquisa com os checadores de fatos, já que nenhum deles considera que a empresa leva a desinformação a sério.