Nesta terça-feira (9), a jornalista e diretora-executiva da Agência Lupa, Natália Leal, ganhou o Prêmio Knight Internacional de Jornalismo de 2021, entregue pelo Centro Internacional Para Jornalistas (ICFJ). A honraria foi concedida pelo trabalho realizado à frente da Lupa no combate à desinformação por meio da checagem de fatos e educação midiática. A iniciativa, que completou seis anos na semana passada, foi criada em 2015 pela jornalista Cristina Tardáguila e foi pioneira no formato de agência fact-checking no Brasil.
A Lupa nasceu e se consolidou com a verificação de fatos ex-post, ou seja, após alguma declaração de autoridade ou publicação de algo nas mídias digitais. No entanto, desde 2017 a iniciativa trabalha com educação midiática, sendo a única plataforma de checagem brasileira que também atua neste segmento e, em junho deste ano, se posicionou como um hub contra a desinformação. Em entrevista ao *desinformante, Natália Leal revela que este foi um processo crescente, principalmente ao observarem a amplitude do fenômeno da desinformação. “Eu sempre digo que a desinformação não é um problema do jornalismo, ela é um problema social, com raízes psicológicas e, mais recentemente, estudos mostram que a desinformação tem uma raiz também neurobiológica”, destaca a diretora-executiva da agência.
A estratégia mais recente é incentivar um pensamento crítico e reflexivo sobre as informações que circulam e são consumidas pelo público. Na campanha dos cinco anos da empresa, eles convidaram as pessoas à seguinte reflexão: “Não fique entre acreditar em tudo e acreditar em nada”. A ação promoveu um conteúdo mais didático sobre a desinformação, além de alcançar um público além do jornalístico. A plataforma ainda atuou em projetos que envolvem dados e tecnologia, como o No Epicentro, que se tornou o projeto mais premiado da história do jornalismo brasileiro.
“A gente foi expandindo aos poucos essas ações de Lupa Educação e de Lupa como um todo para falar sobre desinformação em outros campos, porque quanto mais a gente discute o tema mais ele aparece, mais as pessoas prestam atenção e mais a gente conta com essas pessoas como embaixadores do combate à desinformação. Então o nosso objetivo é provocar reflexão por meio de ações de capacitação, ações de treinamento, mas também de peças visuais que tenham impacto”, afirma Leal.
Essas ações seguem para o ano de 2022. Ao celebrar os seis anos de existência, a agência divulgou o que planeja para ampliar esse propósito de combater a desinformação por meio dos pilares da checagem de fatos, educação e tecnologia. A primeira mudança é uma modificação do Contexto, o programa de membros da Lupa. A segunda novidade é o lançamento do Programa de Estágio em Produto e, por fim, a empresa anunciou o Mirante, o programa de treinamento de checagem de fatos com foco nas Eleições de 2022. Esta iniciativa compõe a preparação da empresa para o pleito eleitoral do ano que vem mas, além do treinamento profissional, a Lupa também busca formas de proteger os repórteres de ataques neste período.
“A gente aprendeu porque 2018 foi um ano difícil, com ataques aos nossos profissionais e ao nosso trabalho. Hoje temos uma estrutura jurídica muito melhor formada e uma estrutura de segurança da informação também mais apurada para proteger nossos repórteres”, reforça Leal.