A Polícia Federal (PF) deflagrou operação nesta quinta-feira, dia 8 de fevereiro, autorizada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, parte da investigação sobre um pretendido golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder, após perder as eleições presidenciais para Lula em 2022. O relatório da investigação e o texto da decisão de Moraes mostram envolvimento de militares, deputados e outros apoiadores do ex-presidente e aponta a existência de um “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”. Foram emitidos 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em dez Estados e no Distrito Federal. O ex-presidente foi obrigado a entregar seu passaporte nas próximas 24 horas.
Segundo a decisão de Moraes que autorizou a operação, este “núcleo de desinformação” atuava na produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto á lisura das eleições presidenciais de 2022 com a finalidade de estimular seguidores a permanecerem na frente de quarteis e instalações, das Forças Armadas, criando ambiente propício para o golpe de Estado, “conforme exposto no tópico Das Medidas para Desacreditar o Processo Eleitoral constante na presente representação”.
Os integrantes do núcleo seriam os seguintes: o coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o major Angelo Martins Denicoli, o estrategista e consultor de marketing digital Fernando Cerimedo, o empresário mineiro Eder Lindsay Magalhães, o militar Hélio Ferreira Lima, o coronel Guilherme Marques Almeida, o major Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e o ex-assessor de Bolsonaro, Tércio Arnaud Tomaz.
Um segundo núcleo seria responsável por incitar militares ao golpe de Estado, também com uso de desinformação e com a participação de influenciadores. Segundo o relatório, este grupo elegia alvos para amplificação dos ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam à ideia do golpe de Estado. Os ataques eram realizados a partir da difusão da desinformação e ataques em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de autoridade perante a “audiência militar”.
“No sentido do que reporta a autoridade policial, surge outra grave linha de atuação do grupo investigado contra as Forças Armadas, direcionada a desacreditar os militares que, defendendo a Constituição e a legalidade, estavam resistindo às investidas golpistas”, afirma o ministro Alexandre de Moraes em sua decisão.
Deste grupo fariam parte: o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, o economista e ex-comentarista da Jovem Pan, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, o capitão reformado Ailton Gonçalves Moraes Barros (preso em maio do ano passado por fraude), o coronel Bernardo Romão Correa Neto e o coronel Mauro Cid.
A estratégia para conduzir o golpe de Estado ainda teria outros núcleos como a estrutura jurídica, um operacional para apoiar as ações golpistas, um núcleo de inteligência paralela com coleta de informações e dados para auxiliar a tomada de decisões do então presidente Jair Bolsonaro. Aponta ainda um grupo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos que faria uso de milícias digitais para reverberar a amplificar o discurso golpista.
“A Polícia Federal indica, ainda, que a atuação do grupo foi intensificada após o segundo turno das eleições presidenciais, utilizando a metodologia desenvolvida pela milícia digital para reverberar por multicanais a ideia de que as eleições presidenciais foram fraudadas”, diz o relatório assinado pelo ministro Alexandre de Moraes.
A operação Tempus Veritatis investiga a existência de uma suposta organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito.
Leia aqui na íntegra a decisão do ministro Alexandre de Moraes.