O AláfiaLab, laboratório de pesquisa sobre fenômenos digitais, realizou na semana passada o pré-lançamento da pesquisa Desigualdades Informativas, desenvolvida anualmente pela organização. Os primeiros dados apresentados apontam para renda e posicionamento político como aspectos que impactam o consumo e a circulação de informação.
A diretora de projetos do Aláfia Lab, Maria Paula Almada, apresentou a pesquisa destacando a importância dela como um dos recursos no combate à desinformação. “Combater a desinformação passa também por compreender como as pessoas consomem informação para que depois do diagnóstico a gente consiga pensar em meios e caminhos”, disse durante o pré-lançamento que ocorreu no Scream Festival em Salvador.
De acordo com Almada, existem três fatores que fazem com que as pessoas escolham consumir determinada informação: preferências individuais, variáveis sociodemográficas – que inclui renda, raça, gênero, idade, preferência política – e as dinâmicas das próprias plataformas.
A pesquisa, realizada com 1.500 respondentes via painel online, indica que a polarização política também se reflete em uma polarização informativa, ou seja, de acordo com o posicionamento político do indivíduo, ele tende a buscar determinadas fontes de informação. Os primeiros dados do estudo revelam que ICL, Brasil de Fato e Revista Fórum são fontes de informação comuns em respondentes que se consideram de esquerda e Gazeta do Povo, O Antagonista e Brasil Paralelo figuram entre as preferências dos que se identificam como de direita.
Além disso, veículos tradicionais também são consumidos de forma diferente – com mais ou menos intensidade – nos dois espectros políticos, com o Metrópoles e Terra figurando como organizações em que não há uma diferença significativa pelo perfil político dos usuários. No entanto, mesmo que haja uma preferência de acordo com os perfis políticos, os veículos mainstream são os que mais são consumidos nas redes sociais.
Outro dado divulgado no pré-lançamento que demonstra diferenças do consumo de informação a partir da preferência política é o modo de conversa em aplicativos de mensageria, especialmente o WhatsApp. Usuários de extrema direita dizem se informar mais por conversas em grupo (15,4%), o dobro do outro extremo político.
A renda também é um aspecto que indica impactos no modo de consumo de informação dos usuários. Os dados da pesquisa revelam que o LinkedIn, rede social focada em negócios e no mundo profissional, tende a ser mais usada por indivíduos de alta renda (mais de 10 salários mínimos) que os de baixa renda. O inverso acontece com o Kwai, rede social de vídeos curtos.