“A desinformação é um risco para o progresso da humanidade”, afirmou a subsecretária geral das Nações Unidas, Melissa Fleming, durante o evento paralelo do G20, sobre integridade da informação,realizado pelo Grupo de Trabalho de Economia Digital nesta quarta-feira (1) em São Paulo. De acordo com Fleming, os fenômenos desinformativos atrapalham o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o combate à fome e às mudanças climáticas e a integridade das democracias em todo o mundo.
A representante da ONU também afirmou que o organismo intergovernamental está em constante diálogo com as empresas de plataformas digitais. “Pedimos principalmente três coisas: mecanismos de proteções, transparência e segurança desde (o momento de) a criação (de ferramentas)”, afirmou Melissa.
Melissa reconheceu que o contexto atual, em que o mundo está realizando um megaciclo eleitoral, é um momento “de grande ansiedade” e “tensão”, mas que percebe positivamente uma mudança de paradigma na forma de entender e combater problemas relativos à integridade da informação.
“Nós sabemos e tememos os riscos da desinformação, que influenciam eleitores e quando não impedem os resultados das eleições”, afirmou Tawfik Jelassi, Diretor-Geral Adjunto de Comunicação e Informação da UNESCO. “Os resultados das eleições vão moldar o mundo de amanhã, testar a liberdade de expressão.”
Apesar dessas falas, os representantes intergovernamentais não chegaram a avaliar ou cobrar a ação das plataformas, que, de acordo com pesquisas e organizações da sociedade civil, não estão atuando para conter desinformação e discurso de ódio online nas eleições que já aconteceram neste primeiro semestre do ano.
Desafios com a IA Generativa
A implementação de ferramentas de Inteligência Artificial generativa e os impactos dos conteúdos sintéticos no ecossistema informacional também foram levantados durante a manhã do evento paralelo do G20. Melissa Fleming disse que a nova tecnologia aumenta as preocupações sobre a integridade da informação, podendo inundar as plataformas digitais com conteúdos deepfakes de áudio e vídeo, “que não deixam rastros” de onde vieram. “Existem forças que tentam manipular eleitores e públicos para que eles acreditem que as eleições não são livres ou justas”, afirmou a subsecretária.