O ministro da Justiça Flávio Dino anunciou na tarde desta terça-feira (17) a criação do Observatório Nacional da Violência contra Jornalistas para monitorar casos de ataques direcionados aos profissionais de imprensa. De acordo com o anúncio nas redes sociais, a estrutura terá o objetivo de abrir um diálogo com o Poder Judiciário e outras instituições em prol da segurança da categoria.
Dino destacou que a decisão se deu após pedido das entidades sindicais dos jornalistas. Na segunda-feira (16), o ministro se reuniu com representantes nacionais da categoria para discutir sobre a onda de violência contra jornalistas no país e analisar medidas para a garantia da liberdade de imprensa.
A presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Katia Brembatti, colocou a necessidade de investigação dos casos de violência para que a perseguição contra a categoria diminua. “Para isso acontecer, são várias as iniciativas que precisam ser tomadas, entre elas, o reconhecimento de que a imprensa é parte dessa estrutura democrática, além da conscientização de que é inaceitável qualquer tipo de violência contra os profissionais de comunicação”, sugeriu Brembatti.
No encontro, tanto Flávio Dino como o interventor federal da Segurança Pública no DF, Ricardo Cappelli, prestaram solidariedade aos jornalistas agredidos física e verbalmente nos atos golpistas. “Quando o jornalismo é atacado, é um sinal inequívoco de que a democracia está sob ataque. Foi muito importante prestar nosso apoio integral à atividade profissional de jornalismo e aos jornalistas, além de nos colocar à disposição para apurar todo tipo de violência sofrida pelos profissionais de comunicação no Brasil”, pontuou Cappelli.
Também estiveram presentes na reunião a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, e os diretores do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (SJPDF), Silvio Luiz Vasconcellos de Queiroz e Cristiane Silva Sampaio.
Casos de violência contra jornalistas
A violência contra jornalistas no Brasil em 2022 foi tema no relatório do Human Rights Watch divulgado semana passada. A organização internacional destacou uma pesquisa da Repórteres sem Fronteiras em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo que identificou 2,8 milhões de publicações nas redes sociais com insultos, ameaças e outros conteúdos ofensivos contra jornalistas e meios de comunicação durante o primeiro mês de campanha eleitoral.
Além disso, foi pontuada a forma que o ex-presidente Jair Bolsonaro tratava os jornalistas. Até agosto de 2022, ele havia bloqueado 95 jornalistas e 10 meios de comunicação, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
O ápice da violência contra a categoria foi visto nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Foram diversos os relatos de profissionais agredidos durante os ataques. Um jornalista do jornal O Tempo compartilhou que ficou cerca de 30 minutos em cárcere, teve o celular e a mochila tomados e alguns itens, como crachá e bloco roubados, além de ser agredido fisicamente com tapas, chutes e socos.