A vitória do candidato de esquerda, Gustavo Petro, nas eleições presidenciais da Colômbia agitou os campos políticos envolvidos na disputa presidencial brasileira de 2022. Entre os dias 18 e 20 de junho, foram identificadas aproximadamente 264,7 mil publicações em português no Twitter sobre o pleito, segundo levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP).
Após vitórias da esquerda e centro-esquerda na Costa Rica (2018), México (2018), Panamá (2019), Argentina (2019), Bolívia (2020) e Equador (2021), o triunfo de Gustavo Petro na Colômbia foi lido como um importante sinal para as eleições de 2022 no Brasil, com grande celebração entre perfis de esquerda e preocupação entre aliados do governo.
O grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro voltou a falar em resistência ao comunismo na América Latina e suspeitas de fraude eleitoral, requentando fake news já utilizadas em outras eleições.
O grupo de direita obteve mais da metade das interações sobre o tema. Os perfis apontaram diversos paralelos entre a eleição colombiana e o pleito brasileiro, com destaque para a necessidade de mobilizar eleitores que pensam em votar nulo ou se abster. A trajetória de Petro na luta armada também foi lembrada, bem como as teorias relacionadas ao Foro de São Paulo.
Os conjuntos de esquerda somaram 51,1% dos perfis do debate. Os perfis celebraram a vitória de Petro e o avanço dos governos de esquerda na América Latina, fazendo alusão às eleições brasileiras e a possível vitória do ex-presidente Lula. O presidente Bolsonaro também foi criticado pelos usuários, que mencionaram o discurso do candidato Rodolfo Hernández aceitando a derrota eleitoral para alfinetar o presidente por levantar suspeitas sobre o processo eleitoral.
O fantasma do comunismo
Na última semana, o Boatos.Org desmentiu três fake news sobre Gustavo Petro. Uma das notícias falsas apontava para uma suposta foto de Gustavo Petro com Pablo Escobar. A imagem, que circulou durante o pleito na Colômbia, não passava de uma montagem das mais grotescas. Outra história falsa que viralizou nas eleições e veio para cá “com delay” é a que aponta que Gustavo Petro teria “prometido” desapropriar e compartilhar casas com mais de 65m² no país.
Por fim, uma história nova “lá e cá”: ela apontava que Gustavo Petro havia prometido soltar “todos os presos do país”. A fake news se baseou em um discurso no qual ele pedia a libertação de pessoas presas nos protestos contra o governo do país (e não criminosos do país).
“Na realidade, a intuito das últimas desinformações é tentar pintar um “quadro caótico” com a eleição de um presidente de esquerda para que as pessoas “rumem” para a direita (ou seja, para Bolsonaro) nas eleições presidenciais do Brasil”, afirmou Edgar Matsuki, editor do Boatos.Org, em artigo para o Metrópoles.